26 de fevereiro de 2013

Uma Religião Apropriada

07 –  “UMA RELIGIÃO APROPRIADA”
 
            Esta ênfase para uma religião apropriada é baseada nas seguintes pressuposições:
(1)  Que o homem não é bom, mas pela graça de Deus, pode ser transformado
Pela graça de Deus, pode ser transformado num bom homem;
(2)  Que o homem não está isento da corrupção, mas o Espírito Santo age de
Maneira intensa para que ele sinta desgosto do meio pecaminoso;
(3)  E que o homem não é criador de uma boa sociedade, mas mediante a
personalidade de Jesus Cristo, que é Senhor sempiterno, tem obtido uma
ligeira idéia dela.
            A religião revelada sempre tem sido uma religião apropriada. Desde o princípio podemos notar que Deus mostrou interesse em algo mui superior à mera piedade externa. Nunca esteve satisfeito com, somente, ensinar ao Seu povo que deve se batizar, cantar os hinos clássicos, e ofertar o dízimo de seus ganhos.
            A esplêndida incumbência do evangelho cristão, em relação com a vida diária, observa-se no convite de Cristo: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23).
            O climax do discurso de Estevão diante do conselho dos judeus, foi uma aplicação prática, pertinente e pessoal do evangelho de Cristo, e foi isso que enfureceu seus corações, levando-os ao ato de apedrejamento de Estevão, causando-lhe a morte (Atos 7:51-58).
            Esta foi a mesma inspiração que Paulo e Silas tiveram quando contestaram
A pergunta do carcereiro de Filipos. A pergunta era: “E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?” Era resposta foi: “E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16:30,31). Paulo e Silas não lhe estavam dizendo somente àquele que fez a pergunta, que levantasse de seu assento, fosse à frente do templo, que confiasse em Cristo, que se unisse a Cristo, e que sem reservas se entregasse a Cristo.
A palavra “crê traduz perfeitamente a palavra que Paulo e Silas saram em seu testemunho perante o carcereiro, se levarmos em conta que a palavra abrange muito mais que a simples aceitação intelectual dos fatos relativos ao cristianismo.
“Os demônios crêem”, no sentido de dar acolhida intelectual aos atos relacionados com o cristianismo, “e tremem” (Tiago 2:19). É bom recordar que a palavra crer contém os conceitos de “ser”, e de “crer”, e de “vida”. Expressa o desejo de Deus de que Seu povo nesta vida presente, dedique inteiramente sua vida a Jesus Cristo como Salvador  e Senhor.
            Foi a rocha de uma fé apropriada, prática e significativa sobre a qual colocou-se Martim Lutero quando enfrentando a dieta de Worms, exclamou:
“Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Deus me ajude”. Este conceito de Cristo como o Senhor da vida foi a visão que John Bunyan claramente teve; por isso não titubeou em ir para o cárcere de Bedford, nem vacilou em permanecer aprisionado ali, doze anos. Foi também esta a magnífica obsessão que teve Guilherme Carey, que o motivou a ir a Índia como missionário, onde permaneceu por trinta e nove anos, sem que realizasse uma viagem de férias a Inglaterra, e onde proclamou incansavelmente pelos caminhos da Índia a mensagem transformadora de Cristo, aos pagãos que somente conheciam credos antiquados e sem poder.
            Existem muitos modos em que o crente pode projetar a sua fé: pregando, ensinando, cantando, escrevendo, curando e contribuindo financeiramente.
Porém, a menos que cada aspecto do testemunho de um cristão esteja baseado pela moralidade cristã, por um evangelismo total, seu testemunho  será incompleto e improdutivo. Porque se alguém prega o sermão de Cristo com linguagem humana e de anjos, porém não coloca o conteúdo do sermão em sua vida prática, essa pregação será em vão. E se alguém ensina a lição de Cristo com língua de prata e com garganta de ouro, e não se mantém sintonizado moralmente com o Grande Músico, na vida diária, esse cântico não é mais do que um címbalo que retine.
E se alguém escreve a história de Cristo com pena valiosa, sem viver o amor de Deus em Jesus Cristo, dia após dia, nos capítulos da vida diária, esse esforço está fadado a fracassar. E se alguém se recupera, alcançando franca melhoria e não recebe a orientação do Grande Médico, para o viver diário, o esforço é nulo; é como, um poço sem água e uma nuvem seca sobre uma terra sedenta.
E se alguém oferta generosamente para fazer chegar a mensagem do evangelho até aos mais longínquos recantos do mundo (obra das missões), sem fundamentar essas contribuições com uma moralidade cristã inflexível, essas doações constituem um mau cheiro para Deus.
            O requisito que Jesus Cristo exige de todos que desejam ser cristãos, é uma completa dedicação e uma religião apropriada.
 
A BASE BÍBLICA PARA A PLICAÇÃO DA RELIGIÃO
 
            Através de toda a Bíblia achamos uma ênfase constante sobre o fato de a revelação religiosa deve ser adequada para o ser humano. Quando Deus julgou a Caim, o fez sobre a base de que ele era guarda de seu irmão. Quando Deus chamou Abraão para que fosse o pai dos crentes, deu este motivo para que o fosse: “Porque eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para obrarem com justiça e juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado” (Gênesis 18:19). Quando Deus escreveu os Dez Mandamentos, entregou-os em duas tábuas. A primeira relaciona o homem com Deus, e a segunda, o relaciona com os seus semelhantes. É uma religião grandiosa a que divide mandamentos como estes: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Não matarás. Não adulterarás. Não furtarás. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma do teu próximo” (Êxodo 20:12-17).
            Era a aplicação desta religião que o salmista tinha em mente quando disse: “Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado” (Salmo 37:3). Isaías, por sua vez, tem a idéia da aplicação de uma religião quando no contexto, em nome de Deus, promete purificação aos pecadores penitentes: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos: cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.
Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos com o carmesim, se tornarão brancos como a lã (Isaías 1:16-18).
            Foi a dedicação do profeta Amós a uma religião apropriada que o levou  a exclamar: “Corra porém o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso” (Amós 5:24).
Uma dedicação assim também moveu a Miquéias a dizer: “Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros? De dez mil  ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e Andes humildemente com o teu Deus” (Miquéias 6:7,8). O apóstolo Paulo destaca a importância de uma religião apropriada, baseada na fé cristã, quando faz com que a sua epístola aos romanos culmine com a extraordinária secção prática que começa assim: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1,2).
            O mesmo Paulo enfatiza ou expressa também nestas palavras: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10).
            Uma religião apropriada é o que inspira a fervorosa declaração de Tiago sobre que “a fé sem obras é morta” (Tiago 2:20), e sua solene afirmação de que “A religião pura e sem mácula diante de Deus Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações, e guardar-se sem mancha do mundo” (Tiago 1:27).
            O apóstolo João faz ouvir a mesma nota ao dizer: “Se dissermos que temos comunhão com ele, e nadarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (I João 1:6). Em outra passagem diz: “Aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou” (I João 2:6). Ao ler acerca da pregação e da atuação do apóstolo Pedro nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos, e ao estudar suas epístolas, alguém fica convicto de que ele tinha um claro conceito de uma religião apropriada.
            Nosso Senhor Jesus Cristo não era um mero reformador social, porém Sua preocupação pelo aspecto prático da religião, pode ser vista nesta proclamação:
“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres,
enviou-me a curar os quebrantados do coração” (Lucas 4:18).
            Vemos, pois, que todo o Novo Testamento dá testemunho de que a fé que salva, é a fé que transforma. O verdadeiro filho de Deus sofre uma mudança interna e externa. Não somente mudam suas atitudes, pensamentos, desejos, decisões e motivos; suas ações mudam também. Esta mudança nas ações é tão definida e patente que Deus a vê como a base que determina se a pessoa que professa ser crente foi verdadeiramente transformada mediante a fé em Jesus Cristo. E de acordo com as próprias palavras de Jesus o juízo que será realizado ante o tribunal do Rei, e que separa as ovelhas dos cabritos (bodes), os justos que vão gozar a vida eterna e dos injustos condenados ao castigo eterno, se manifesta em um serviço humilde, prático e apropriado, pelo qual se alimenta aos famintos, dá-se de beber aos sedentos, veste-se os que estão nus, visita-se aos enfermos, e atende-se aos presos em suas necessidades. E considerando este conceito, o evangelista Lucas disse: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude;o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (Lucas 10:38). Como verificamos, existe na Palavra de Deus uma base ampla para dar ênfase a uma religião apropriada.
           
A NECESSIDADE DE UMA RELIIGÃO APROPRIADA
 
            A necessidade de aplicar o evangelho de Cristo às áreas práticas da vida diária, é de todo modo evidente.
            Talvez não exista uma área na qual a religião apropriada seja mais necessária do que na vida da família moderna. Na história da civilização ocidental já havemos tomado conhecimento de dois casos de desintegração da família: na Grécia, lá pelo ano 300 antes de Cristo e em Roma, no ano 300 da era cristã; essa foi a causa da decadência dessas civilizações. Em ambos os casos os sintomas foram similares: um menosprezo quase universal dos compromissos assumidos no casamento, uma diminuição de nascimentos, uma sofisticada irresponsabilidade por parte dos pais, e um aumento alarmante da delinqüência juvenil. Não faz falta ser profeta para perceber os pontos similares que existem entre a desintegração da vida familiar na Grécia e em Roma, e a deteriorização em que se encontra a vida familiar de nossos dias. Os pais estão mais interessados no sucesso e satisfações deles mesmos, que no desenvolvimento de um caráter cristão na vida de seus filhos. A delinqüência juvenil tem aumentado nos últimos anos em uma escala astronômica.
            Além disso, esta situação piora devido ao fato de que na vida moderna, a população concentra-se em cidades e zonas industriais; uma de cada três mulheres casadas tem alguma classe de emprego remunerado fora da família. E o caso dos pais constitui maior problema, pois parte do tempo é passado dormindo ou fora de suas casas, cumprindo o horário dos empregos.
Numa pesquisa recente, descobriu-se que, em certa cidade, 35% dos chefes de família tinham dois empregos.
            A situação piora também devido  aos efeitos psicológicos de que existem pais que desempenham funções femininas no lar, e mães que desempenham ocupações masculinas, o que se bem que seja uma situação devastadora, no entanto é mui séria, cujos efeitos sociais, morais e espirituais não têm sido adequadamente avaliados todavia. Outro fator que tem piorado esta situação esta situação é a assombrosa proporção de casamentos de pessoas excessivamente jovens, nos últimos anos, e que por ser tão jovens carecem da necessária maturidade no desenvolvimento emotivo de sua personalidade, e de uma base adequada de independência econômica. O problema torna-se mais agudo pelo segmento social dentro da população que poderíamos chamar “os envelhecidos”.
            Tem o cristianismo uma mensagem e ajuda para as famílias exiladas, desorientadas e perturbadas deste século XX?  É certo que se Deus não se sente frustrado pela consternação que poderiam causar as estatísticas de divórcio, pelos casamentos prematuros, pelas esposas e mães que têm empregos fora do lar, pela queda da autoridade no lar, nem pela delinqüência juvenil e a dos pais.
Os ideais bíblicos tais como o casamento monogâmico e permanente, o aspecto sagrado do sexo, a disciplina no lar, o respeito aos pais, e a importância das pessoas acima das coisas, são ideais válidos. Aplicando-os à vida familiar é a maneira de demonstrar que o cristianismo é uma religião apropriada.
            O que podemos acrescentar ao que já foi dito sobre o problema racial? Este problema sócio-político-moral é, sem dúvida alguma, o mais destacado nos dias de hoje. Sua história é longa e feia, e suas raízes são tão profundas como é o pecado. Muitas pessoas têm tratado de desconhecer este problema, possivelmente com a esperança de que ignorá-lo poderá fazê-lo desaparecer.
Não falta quem busque se livrar do açoite refugiando-se na irresponsável neutralidade de Pôncio Pilatos (lavando as mãos), expressada na frase “considerai isto” (Mateus 27:24).
            Existem aqueles que se colocaram nas linhas de ataque contra a Bíblia, a Palavra de Deus, que afirma que todas as nações da terra constituem uma só família e têm uma origem comum (Atos 17:24,26); que o homem foi criado à imagem de Deus, e que por isso possui um infinito valor (Gênesis 1:29); que Jesus Cristo morreu para redimir a todos os seres humanos, sem levar em conta sua raça ou nacionalidade (João 3:16); que os crentes de qualquer raça formam parte da família de Deus, e que, portanto, são irmãos entre si (Mateus 6:9; Lucas 13:29); que a religião cristã anula ou supera as barreiras humanas que separam um grupo do outro (Gálatas 3:26-28; Efésios 2:13-16), que o poder do evangelho é tão grande que torna possível aos cristãos vencer o preconceito racial (Atos 10:28,34,35); e que Deus não faz acepção de pessoas (Romanos 2:11; Efésios 6:1; I Pedro 1:17).
            Muitas soluções do problema racial têm sido sugeridas através dos anos, porém a única verdadeiramente adequada é a que Deus oferece no fato de que Jesus Cristo morreu por toda a humanidade. E é precisamente em um cenário com um fundo tão obscuro como o das relações raciais, que possamos verificar que a religião cristã é apropriada, exigindo, como o faz, que sejamos a lua do mundo.
            E quanto ao problema econômico é preciso reconhecer que um determinismo econômico, tristemente parecido com a doutrina sustentada por
Karl Marx, levanta sua cabeça de vez em quando. O sucesso, tanto na esfera das igrejas como no secular, soe medir em termos de normas materiais. A estatura social em nosso mundo é medida pelas lanchas a motor, as piscinas de natação, os aparelhos de ar condicionado, os clubes dos quais somos membros, os abrigos de pele, a marca do automóvel, a quantidade no registro dos matriculados na Escola Dominical, no número do rol de membros maiores e menores de uma Igreja, o número de batismos, de conversões, restaurações, e a soma de outras suposições.
            Muitos outros problemas morais merecem nossa atenção, como são as bebidas alcoólicas, os cigarros, os jogos de azar, a literatura pornográfica, os tóxicos, a desonestidade, a imoralidade sexual, a violência nos programas de televisão, a moralidade do tipo de Sodoma e Gomorra que prevalece em centros de produção cinematográfica, como Holiwood, os altos índices do crime, a desastrosa influência do comunismo, as desumanas atitudes dos grandes banqueiros, a ameaça de um holocausto nuclear, o aumento excessivo da população, e outros mil que ameaçam nossa inquieta Babel.
O autor, Foy Valentine, em seu livro, focalizou o seu País: os Estados Unidos da América do Norte.
            Em 16 de março de 1960, quando o chanceler KONRAD ADENAUER estava de visita em Washington, e o que era então senador pelo Texas, Lindon B. Johson, lhe fez esta pergunta: Que nos diria o senhor se lhe pedíssemos que nos indique qual a coisa que considera de importância primordial para os norte- americanos? “Sua resposta foi rápida: “Educai os vossos filhos. Nenhum custo é demasiado alto tratando-se da educação. E quando falo de educação, incluo também a educação moral. Poderia falar com franqueza?, continuou o chanceler.
“Sem dúvida respondeu-lhe o senador”. Nesse caso devo dizer que nunca vi uma falta de integridade moral tão grande como o que observei em relação aos vossos jovens. Creio que em um conflito entre oriente e ocidente, os jovens do mundo livre não teriam a suficiente integridade moral para vencer.
            Entretanto, a fé cristã não é indiferente e nem impotente frente a tudo isto.
Afirma que a pureza é melhor do que a imundície, que a honestidade é melhor que a falsidade, que o amor é melhor do que o ódio, que a paz é melhor do que a guerra, que dar é melhor do que receber, que o caráter é melhor que a popularidade, que um “ideal” é melhor que uma mera “semelhança”, e que é melhor sofrer por Cristo que ceder, entrando em conivência com o mal. Temos uma mensagem dada por Jesus, e é precisamente essa mensagem, e somente essa mensagem, leva-nos a uma vitoriosa luta com estes problemas mortais, segundo a mente e espírito de Cristo.
            Entretanto, ainda que em forma inadequada é mister dedicar uma atenção especial à ideologia comunista, esse espectro noturno que chegou a tomar posse da quarta parte do planeta Terra e da terça parte de seus habitantes, e que se empenhou numa guerra sem quartel para dominar o resto do mundo.
            Em cada oportunidade que se apresente para que os cristãos possam conhecer a verdade sobre o comunismo, deveriam fazê-lo. Porém, ainda hoje, é sumamente importante que os que emitem opiniões sobre o comunismo, estejam seguros daquilo que afirmam, e possam alicerçar suas afirmações com fatos, antes de iniciar uma série de discursos sobre esse tema.
Algumas observações, conversas, sermões e discursos sobre o comunismo, leva-nos a pensar sobre o antigo aforismo que diz: “Melhor é não saber tanto sobre o antigo aforismo que diz: “Melhor é não saber tanto, do que saber muito que não seja verdadeiro”.
            Na introdução a “TESTEMUINHO”, Whittaker Chambers declara que os comunistas não estão unidos por um juramento secreto, mas estão, pela convicção que sentem de que é completamente necessário mudar o universo.
“Seu poder que assombra o mundo…é o poder de terem convicções, e colocá-las em prática. É o mesmo poder que transpõe as montanhas, e impulsiona aos homens. Os comunistas constituem a parte da humanidade que recuperou o poder de viver ou de morrer como testemunhas da fé em que crêem”.
            Se o comunismo pode inspirar tanta devoção e dedicação, com quanto mais razão deveriam os cristãos unirem-se para mudar o mundo?
            Com certeza, não será a pessoa que mais vocifera  contra o comunismo, a que propicia a maior contribuição para derrotar esta falsa doutrina, senão a pessoa que demonstre mediante sua profunda dedicação a Jesus Cristo que o tipo de vida que provém de aceitar e obedecer Seu senhorio, é mui superior àquela que inspira o materialismo dialético de Karl Marx.
Uma dedicação assim, praticada por cristãos em todas as esferas e relações da vida, é o remédio seguro contra o comunismo. A grande verdade é a erradicação do egoísmo, produzida pelo verdadeiro cristianismo e, em conseqüência, todas as injustiças sociais desaparecem. Não havendo problemas sociais nos países onde Cristo reina nos corações de seus povos, o comunismo vai ter que “cantar em outra freguesia”.
“Contento-me com o terceiro lugar: o primeiro é de Deus, o segundo é do próximo e o terceiro é meu” deve ser o lema que dirige os governantes, políticos e todos os segmentos dos habitantes de cada país. Na realidade é muito duvidoso que exista
outro remédio.
            Com relação à cidadania pode-se observar que os cristãos têm-se retirado desta arena, produzindo a impressão de que a religião não tem nada apropriado para dizer sobre um aspecto tão importante da vida. Esta atitude tem influenciado as autoridades locais, estaduais e nacionais, e isto em um tempo que estas autoridades possuem mais e mais poder, a trabalhar de maneira parecida, demonstrando tão pouco interesse nas igrejas, como estas também vêem demonstrando pouco interesse nas autoridades civis.
            Pode ser que nos ajude, mesmo que sejamos humilhados, que recordemos que a palavra “idiota” tem origem na palavra grega idios, e que em sua etimologia original referia-se aos cidadãos que não tomavam parte nas votações públicas.
É preciso salientar que estas pessoas não votavam e não aceitavam cargos públicos. Devemos confessar que muito do nosso procedimento tem sido idiótico, baseado nessa definição. Um dos aspectos mais descuidados na vida pública dos Estados Unidos setenta anos, tem sido o mau uso da cidadania que fazem os homens bons. Os cristãos que se retiram das lutas políticas, não somente traem a herança recebida de seus antepassados, homens de profunda convicção cristã e atentos aos deveres cívicos, senão também vem traindo o alto chamamento de Deus em Cristo Jesus.
            Bem disse Paulo, em Filipenses 1:27 “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o  evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho”. A palavra grega POLITEUSTHE, que é a palavra do Novo Testamento que mais se aproxima da idéia de cidadania Paulo a proferiu aos crentes da igreja de Filipos e não somente a eles, mas também a nós outros. “Que a vossa cidadania seja digna do evangelho de Cristo”. Não cabe dúvida de que diante de Deus temos a obrigação de agir como cidadãos cristãos nestes dias tão críticos que estamos vivendo.
 
NATUREZA DA RELIGIÃO APROPRIADA
 
            A relação entre a nossa fé cristã e a vida diária não se pode compreender afastado do conceito cristão, do senhorio de Cristo. Os primitivos cristãos possuíam um credo. Era uma confissão característica, curta, simples e inclusiva: Jesus Cristo é o SENHOR. Não era “Jesus nasceu da virgem Maria”, nem “Jesus viveu uma vida pura e perfeita”; nem “Jesus operava milagres”, nem “Jesus ressuscitou (se levantou dos mortos)”; nem “Jesus voltará outra vez à terra”; mas simplesmente: “JESUS CRISTO É O SENHOR”. No nome “Jesus” reconheciam a humanidade do Salvador, e no nome “Cristo”, reconheciam o Messias da mensagem profética do Antigo Testamento. E pelo terceiro e mais elevado dos nomes, o de SENHOR, declaravam que O reconheciam como o Senhor de suas vidas, com o pleno direito de governá-las em todas as suas manifestações.
            No mundo de hoje, um mundo de humanismo, condutivismo e existencialismo, no qual o mais alto objetivo do homem é glorificar a si mesmo e deleitar-se em suas capacidades, a doutrina cristã do Senhorio de Cristo enfraqueceu-se bastante. Até entre os cristãos o nome de “Senhor” perdeu muito da santa apreensão que deveria inspirar. Se conseguíssemos descobrir, novamente, seu verdadeiro significado e a perene necessidade desse conceito n a expressão de nossa vida religiosa cristã, avançaremos muito para o ideal, do que entendemos que uma igreja modelada pelo Novo Testamento deve ser.
            A declaração “Jesus Cristo é o Senhor”, não é simplesmente a expressão de uma doutrina. Não é um simples credo abstrato, separado da conduta. É uma profunda dedicação consciente a Jesus Cristo, olhando-O como Senhor de sua vida. É a aceitação da parte do crente, do mais elevado desafio moral que se possa imaginar. É a solene afirmação de uma determinação visando obedecer seus mandamentos. É a aceitação fiel de seu Senhorio na vida diária e a entrega do nosso ser ao Seu cuidado amoroso.
            Quando Jesus Cristo o Senhor, vier a ser Jesus Cristo meu Senhor, mediante a entrega consciente e pessoal de nossa vida e vontade, ao Seu governo e reinado, então os compromissos de uma religião apropriada não são apresentados a nós como uma alternativa; são imperativos. A retidão moral do crente não é um assunto flexível; é uma posição de caráter permanente, posição que adotamos em virtude da íntima união espiritual que temos com Deus, que é três vezes santo.
            O cristianismo apropriado é a expulsão de uma religião amoral, superficial, que pretende tapar os olhos de Deus mediante formas externas de piedade, enquanto que a vida interior permanece sem regeneração, indisciplinada e corrupta. A religião apropriada que por longo tempo o povo de Deus vem dando ênfase à uma experiência subjetiva, em vez de forma um caráter cristão.
Bom é haver tido uma prática religiosa do tipo do encontro de Paulo com Jesus no caminho para Damasco, porém está muito longe de ser um substituto do caráter.
Bom é se sentir elevado, em virtude de um êxtase espiritual, enquanto adoramos a Deus ou mediante uma mística comunhão com Ele; porém isso não nos isenta de agir retamente. Bom é que as nossas doutrinas sejam corretas; porém o ser ortodoxo não ocupa o lugar de ser retos em nossa conduta moral. Bom é ler a Bíblia diariamente; porém o fato de lê-la não nos isenta de obedecê-la. Bom é entregar os nossos dízimos e primícias; porém, fazê-lo nunca substituirá o testemunho de uma vida regenerada pelo poder de Cristo. Bom é estar livre da lei do pecado e da morte; porém o verdadeiro significado desta liberdade pode ser visto, somente na submissão do crente à mente e ao espírito de Jesus Cristo na vida diária.
            O professor W. T. CONNER expressou tudo isto, admiravelmente, ao dizer: “A prova que determina a presença real do Espírito Santo não é a altura que pode saltar, aquele que se diz possuído, senão a linha reta em  que pode caminhar quando toca o chão”.
            A religião apropriada é aquela que apresenta a aplicação da influência do cristão, como o “sal da terra e luz do mundo”. É a determinação de deixar os rudimentos da doutrina de Cristo, e prosseguir em busca da perfeição (Hebreus 6:1,2). É um esforço honesto, contando com o poder de nosso Senhor, de equilibrar a fé cristã com  a conduta cristã, a conversão cristã com a consagração cristã, a doutrina cristã com atos cristãos, a justificação cristã com a santificação cristã,  a profissão cristã com a prática cristã; o ritual cristão com a retidão cristã,
A fé ou confiança cristã com o esforço cristão, e o culto cristão com as obras cristãs. A molécula do verdadeiro cristianismo é indivisível; a verdadeira religião é verdadeiramente apropriada.
 
O TEMPO PARA UMA RELIGIÃO APROPRIADA
 
            Atualmente existe uma apocalíptica urgência de aplicar o evangelho de Cristo à vida diária. “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades,  contra os príncipes das trevas
deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”
(Efésios 6:12). Nada que não seja uma religião apropriada pode falar com autoridade em nosso mundo conturbado. Levando em conta que não somos nem onipotentes nem impotentes, façamos o que podemos enquanto é dia, e antes da chegada da noite.
            Onde acontece desintegração da família, até entre os crentes, tratemos de construir lares cristãos. Onde existe orgulho racial e preconceitos, busquemos maneiras de demonstrar a dignidade e valor do ser humano. Onde estiver enraizado o amor ao materialismo, ao deus das riquezas, façamos a troca com o amor a Cristo e ao próximo, que foi criado à imagem de Deus.
Onde existe a atitude de conveniências morais, mundanismo e imoralidade, do ponto de vista de que nossa regra é a retidão cristã. “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências” (Romanos 13:14), versículo traduzido por Phillips dessa maneira: “sejamos homens de Cristo, desde os pés até a cabeça, e não concedamos oportunidade à carne para que façamos tolices”. Onde aparece uma atitude vacilante e fraca quanto aos deveres cívicos, ocupemos nosso posto de responsabilidade com determinação, denodo e convicção, em favor de Deus e da Pátria.
Onde viceja uma religião ineficaz que serve de ópio às pessoas, apressemo-nos a redimir o tempo nestes dias maus, introduzindo um cristianismo que seja verdadeiro,  legítimo, compassivo, prático e apropriado. E ao mesmo tempo em que vivemos a vida cristã, que a fé cristã seja uma realidade acompanhada de uma conduta inspirada por ela.
(Esta é mais uma oferta da Escola Dominical da Igreja Presbiteriana da Ilha do Governador. Pastor: Ver. JONAS MACHADO –  EBENÉZER !!!
 

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