02 – SEU LAR PODE SER CRISTÃO
“Disse mais o SENHOR DEUS: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. – E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:18,23,24).
A VIDA DE FAMÍLIA EM TRANSIÇÃO
A vida familiar, nos dias de hoje, está num processo de transição drástica.
Nesta época de crises tem sido impossível que a família se livre dos ventos transformadores que sopram com fúria devastadora sobre a superfície terrestre.
Quais são alguns dos aspectos desta transição que afetam a vida familiar?
I – AS FAMÍLIAS MUDAM EM SUA FUNÇÃO – Houve um tempo quando a família era responsável pela educação, pelo culto, pelo tratamento médico, pela recreação, pela ajuda em tempos de calamidade, e por quase todas as demais necessidades da existência humana. No caso dos primitivos colonos anglo-americanos que viviam na fronteira, essas funções teriam que ser executadas pela família. No caso dos países e regiões sob a influência hispano-americana a situação era algo diferente devido a que, por regra geral, o começo de uma povoação era uma missão católica, e os monjes executavam algumas dessas funções. Muitas destas situações que um dia couberam à família, foram sendo assumidas, agora pela igreja, pelo clube, pelo acampamento, pelo teatro e cinema, pela televisão e pela sociedade. Embora as funções da família moderna tenham sido reduzidas, em comparação com as do passado, entretanto, as famílias de hoje não perderam, nem correm o perigo de perder, segundo parece, as relações fundamentais de companheirismo íntimo, reprodução, cuidado com as crianças e o afeto. Estas funções não parecem estar ameaçadas, e, sem dúvida, continuarão sendo prerrogativas da família.
II – AS FA MÍLIAS ESTÃO MUDANDO DE TAMANHO – Oferecemos alguns dados levantados pelo Instituto Interamericano de Estatística, que nos apresenta um quadro referente ao número de famílias em diferentes países, por exemplo:
HONDURAS – o número de pessoas em cada lar é de 6;
MÉXICO – é de 5;
BRASIL – um estudo semelhante revela um número de 5 pessoas;
ESTADOS UNIDOS p o número é de 3 membros em uma família.
(Estes dados foram transmitidos pela AMÉRICA EM CIFRAS , publicado pela União Panamericana, 1963). No caso típico dos Estados Unidos o processo do número de família tem sido diminuído, e assim demonstram alguns dados, pois no ano 1850, era de 5,6; em 1920, de 4,8; em 1930 a 4,1; em 1951 a 3,4 e o que apresentamos na estatística acima, de três membros por família. Em um ambiente rural era conveniente que as famílias fossem grandes, porém em um ambiente urbano ou industrial, uma família grande era considerado um infortúnio.
III – A FAMÍLIA ESTÁ MUDANDO EM SUA ORGANIZAÇÃO – Houve um tempo quando quase todas as famílias eram patriarcais em sua organização; quer dizer, o marido e pai era o chefe da família, com todas as prerrogativas que a palavra chefe sugere. Em nossos dias este quadro mudou muito, como alguém já disse: “a família agora não é nem patriarcal, nem sequer matriarcal, mas foi convertida em pediarcal. São as crianças que agora dirigem a batuta”. Isto não é o que acontece na maioria dos casos, entretanto, o que prevalece é uma organização democrática, na qual cada membro da família tem o direito de se expressar.
IV – A FAMÍLIA ESTÁ MUDANDO DE LOCALIZAÇÃO – Tem acontecido mudanças do campo para o povoado, e do povoado para a cidade, e da cidade para os subúrbios. Ultimamente, acontecem mudanças dos subúrbios para os prédios de apartamentos no centro da cidade. Essas mudanças frenéticas estão sendo produzidas com tal rapidez que se torna necessário levá-las em conta, a fim de estudar o aspecto de transição que afeta diretamente a América Latina, com referência à fixação de seus habitantes, e um deles é o chamado êxodo do campesino, onde famílias inteiras transferem-se para os centros populosos na busca de certa proteção, formando as habitações sub-humanas ou favelas, que constituem um cordão ao redor das principais cidades.
V – A FAMÍLIA TAMBÉM ESTÁ MUDANDO NO QUE CONCERNE À MOBILIDADE
Um dos aspectos desta mobilidade é o traslado das famílias da região onde nasceram e se criaram, e onde seus pais e avós viveram antes delas, a uma região do país completamente diferente. Passam de uma cidade grande para outra metrópole e, em pouco tempo, voltam a mudar de residência.
Um dos aspectos relacionados com esta mobilidade é o transporte. É bem possível que um jovem use o automóvel da família, alguma noite, com seus amigos percorra uma distância maior daquela que seus avós haviam percorrido em toda a sua vida. Mesmo assim, uma esposa pode percorrer uma distância maior, ao buscar o seu marido no emprego (no caso que sejam tão pobres que não podem possuir automóvel), daquela que sua avó percorreu em sua vida, a não ser a visita anual quando ia visitar algum parente que morasse longe. E não se deve crer que este quadro se aplica somente aos Estados Unidos.
Situações semelhantes são observadas no México, Peru, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.
VI – A FAMÍLIA ESTÁ MUDANDO EM ESTABILIDADE – Para se ter uma impressão da fisionomia do aumento do divórcio podemos constatar algumas cifras, emitidas pelo Departamento de Estatística da OEA, por exemplo: em El Salvador em 1958, uma porcentagem de 0,02% e em 1965, 0,023%; em Venezuela em 1958, 0,02% e em 1965 0,026%; no México em 1958, 0,04% e em 1965 0,058% e nos ESTADOS UNIDOS, em 1958 0,21% e em 1965 0,247% (Veja-se América em Cifras 1967; Washington; União Panamericana, Organização dos Estados Americanos, 1968, página 153).
Nos países: Bulgária, Romênia e Egito a porcentagem de divórcio é ainda mais elevada que nos Estados Unidos.
VII – A FAMÍLIA ESTÁ TAMBÉM MUDANDO QUANTO ÀS RELAÇÕES DE TRABALHO
Em um ambiente agrícola cada membro da família tinha de trabalhar de sol a sol para não sofrer fome. Entretanto, nesse ambiente era mantido um alto grau de unidade familiar. Pelo contrário, em um ambiente industrial economicamente mais folgado, o esposo e pai de família veio a ser o único sustentador da família. Esta situação não durou muito tempo devido à ânsia de posicionamento social, característica do ser humano.
Agora, o marido trabalha num emprego, a esposa em outro, e os filhos, logo que possam, em outro. Na época atual muitos homens possuem dois empregos completos, o que lhes permite estar em casa, justamente nas horas que são dedicadas ao sono.
VIII. A FAMÍLIA HOJE ESTÁ TAMBÉM MUDANDO SUAS RELAÇÕES SOCIAIS –
Cinqüenta anos atrás. Cada membro da família conhecia a cada pessoa da mesma maneira que os demais membros. Porém, hoje em dia, um menino de dez anos provavelmente tem um círculo de amizades que seus pais não conhecem.
A esposa conhece um número de vizinhos e amigos que o marido, pelo fato de sair cedo e regressar tarde, não tem oportunidade de conhecer. Entretanto, o marido, por sua parte, possue um grande número de conhecidos relacionados com seu emprego. Além disso, as pessoas que vivem na cidade podem chegar a
Conhecer mais pessoas em um só dia, do que seus avós conheciam em um ano inteiro, incluindo a tradicional visita à feira anual. Esta circunstância tem afetado a vida da família.
Qual é o significado de toda esta transição? Nessas mudanças nem tudo é ruim. “Poucas pessoas desejariam voltar aos bons tempos do passado”, com as incômodas carruagens, as estradas de terra, as lâmpadas de querosene, cisternas para a água e escassez de facilidades para a higiene pessoal. Não; tudo não é mau nesta transição, porém, nem tudo é bom tão pouco.
Os casamentos instáveis representam um grande sofrimento para multidões de crianças e adultos. Esta mesma instabilidade conjugal produz desajustes e casos de neurose com a dor e a miséria que despejam sobre a família.
A falta de respeito aos pais e a falta de unidade na família explicam a tendência em nossos dias de rejeitar toda classe de autoridade, contribuindo para o aumento da criminalidade que prevalece em nossa cultura. O fato de que não se façam trabalhos no lar, onde as crianças podem aprender seu valor, ajuda a explicar o predominante desejo dos filhos de recusar o trabalho na atualidade.
As comodidades a que estamos acostumados devido à folga econômica, tornam-nos mais materialistas e menos preocupados com os valores espirituais.
A obsessão pelo sexo que se observa no mundo de hoje torna extremamente difícil a consideração adequada de uma experiência que é fundamental para a formação da família. Os membros da família têm poucos interesses comuns agora. Passam muito pouco tempo juntos; por esta razão os pais entre si e os pais em relação aos filhos, privam-se de compartilhar seus problemas e preocupações e de mostrar afeto e simpatia que formam parte do plano de Deus.
Nós, cristãos, não devemos nos sentir desencorajados pelos problemas colossais provocados por esta transição. Nosso dever é enfrentar tais dilemas com determinação, estudá-los adequadamente, e usar à maneira de ponte, ao invés de nos submetermos a eles como barreira invencível.
A família, hoje, pode conduzir sua nave através de um mar tempestuoso até ao porto da unidade cristã, com a disposição de fazer a sua parte.
Não devemos alcançar essa meta por pura casualidade, mas em virtude de uma decidida determinação e esforço persistente. Deve ser o fruto de um consciente trabalho. E apesar de passadas desilusões devemos continuar lutando, pois o prêmio bem merece todos os nossos esforços: a formação de um lar cristão.
E no prosseguimento desta finalidade, nos ajudaria ter uma conferência de família uma vez por semana, ou designar uma noite para que todos fiquemos em casa, ou ter uma lista de objetivos que nos aproximem do alvo: um lar Cristão unido. O comer juntos é uma grande ajuda para este fim. Do mesmo modo que o comer juntos une aos amigos, o comer juntos une também as famílias, concedendo aos participantes uma íntima satisfação.
A família que trabalha junta em seu labor comum, encontra um elemento de satisfação. Aqui vai um exemplo real. Uma família composta pelo pai, mãe e cinco filhos, que viviam na cidade e tinham poucas oportunidades de trabalhar juntos, decidiram dedicar todas as quintas-feiras, à noite, para limpar a casa de cima para baixo. O resultado foi que essa tarefa em comum uniu espiritualmente os seus membros., provocando uma profunda satisfação. Outras famílias poderiam desfrutar desta boa fortuna.
Se uma família estabelece, seriamente, que seu lar seja cristão, será mister que adorem a Deus juntos, tanto em casa como no templo que freqüentam.
Parece-nos lamentável que o pai se senta com os diáconos, a mãe com uma amiga, a mocinha no último banco, e o me nino no assento adiante, na galeria, onde terá oportunidade de se divertir com outros meninos de sua idade durante o culto. E quem não tem visto ultimamente em algum culto religioso que os filhos necessitavam que os pais estivessem sentados junto deles? Além disso, há algo no sentar-se juntos, e adorar juntos, pois tem um valor perene. Constitui em si um bom exemplo para os demais, e um elemento unificante na família.
Igualmente, a família necessita divertir-se unida. Um aspecto tão importante como o divertimento não deveria ser praticado com a exclusão dos outros mem-
bros da família. As férias, em particular, e os jogos recreativos em geral, deveriam ser desfrutados para aumentar os laços de união na família, no espírito cristão.
Você sabe o que os outros membros da família estão fazendo. Enquanto você está em seu lar? Conhece você, realmente, o que eles fazem? A unificação da família pode ser fomentada mostrando um genuíno interesse nos demais membros dela. O olhar um programa de televisão tem algum valor para a aborrecida dona de casa, porém pode ser que não seja tão valioso como arrumar o lar de uma maneira atrativa que convide ao esposo e aos filhos a permanecer nele.
È possível que tenhamos tantos compromissos fora de casa que não nos sobre tempo para a família. E quando isto acontece o erro não está inspirado pela maldade, mas pela miopia e despreocupação que nos leva a ignorar as necessidades da vida familiar.
É, sem dúvida, que o propósito de Deus para Seus filhos na vida do lar é bem diferente da vida fragmentada, confusa e agitada que caracteriza as famílias modernas. A Bíblia, a Palavra de Deus escrita, tem uma mensagem para o mundo atual. Os magníficos ensinos da Bíblia, na área da vida familiar, possuem um valor permanente e nos capacitam para enfrentar as complexas necessidades das famílias modernas. A unidade da família tão tremendamente necessária nos dias de hoje pode ser uma realidade e uma base bíblica do lar cristão, o qual olhamos como alvo de nossas aspirações.
OS PROPÓSITOS DA FAMÍLIA
Os propósitos de Deus para a família estão claramente revelados na Bíblia. Um deles é o companheirismo. Quando Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18), expressava o reconhecimento de que a classe do homem que Ele criou, não podia viver sozinho, porque morreria. O ser humano necessita de companhia. Ele necessitava outro ser com o qual podia se comunicar. Ele se sentia muito só, portanto necessitava estar acompanhado.
HENRY A. BOWMAN expressou: “O sexo é um meio ordenado por Deus para sobrepor-se à solidão essencial do indivíduo”. No princípio criou Deus a humanidade, varão e fêmea, sendo a mulher a resposta ao clamor do homem, complementando-o e suplementando o que lhe faltava, fazendo com que a vida de ambos fosse plena, rica e significativa.
Outro dos propósitos do matrimônio, segundo a Bíblia, é a reprodução. A Adão e Eva, Deus lhes disse: “Frutificai e multiplicai-vos” (Gênesis 1:28). Este impulso de reprodução, como Sigmund Freud lhe chamou, é tão profundo como a própria vida.
Um casal unido pelos laços do santo matrimônio não pode, ao seu sabor, frustrar o propósito de Deus para o matrimônio sem violar uma das leis de Deus para a família: “Eis aqui, herança de Jeová são os filhos…Bem-aventurado o homem que encheu sua aljava deles” (Salmo 127:3,5).
Outro dos propósitos da família, segundo a Bíblia, além de companheirismo
E reprodução, é também a educação, sem a qual a vida humana seria realmente impossível, ou pelo menos mui difícil de gozar. A educação se aplica tanto aos pequenos como aos maiores.
A criação dos pequeninos é de vital importância para os indivíduos e também para a raça humana. ALDOUS HUXLEY: em seu livro BRAVE NEW WORLD, nos fala de um centro infantil patrocinado pelo governo, antiséptico, eficaz, porém terrivelmente desumano, no qual os procedimentos normais da família na criação dos meninos, estão substituídos por um método científico de laboratório Os comunistas chineses parecem que colocaram em ação um plano desapiedado no qual entram elementos sugeridos por Huxley muito antes.
O mundo civilizado opina que se os chineses fizeram isso, desceram a um novo nível de desumanidade. Os meninos precisam ser criados no seio da família, como o peixe precisa da água, e o animal terrestre precisa do oxigênio.
Porém os meninos não são os únicos que necessitam esta educação. Os adolescentes também precisam de uma orientação. Se a família não lhes oferece amor, o afeto, e a ajuda que requerem, não é de se estranhar que busquem estes princípios básicos onde poderão encontrá-los, e em prematura idade já praticam relações sexuais. Também nos Estados Unidos, com toda sua riqueza, existem meninos e adolescentes que sofrem de pobreza. É bom esclarecer, entretanto, que a pior pobreza não é a falta de pão, de abrigo e de teto, mas a falta do socorro psicológico e espiritual que somente são encontrados no lar.
No plano de Deus com referência à educação deve operar com os filhos menores e maiores. O mandamento “Honra a teu pai e a tua mãe” está dirigido às crianças e aos adultos. Nenhum adulto pode desobedecer ou ignorar este mandamento sem provocar graves conseqüências para si mesmo, e para o resto da sociedade humana.
Assim como existia um erro moral nos costumes dos judeus chamado CORBAN, segundo o qual um filho podia legalmente esquivar-se de sua responsabilidade para com seus pais alegando que todas as suas posses haviam dedicado a Deus, também hoje observamos o mesmo erro moral ao permitir que as instituições de proteção a velhice assumam as responsabilidades para com nossos pais que nós devemos assumir. Estas instituições têm sua razão de existir, porém diante das responsabilidades da família cristã, devem ser seu último recurso.
Bem disse VOLTAIRE que se a família não existisse teríamos que inventar uma. A família é criação de Deus, e coisa maravilhosa aos nossos olhos.
PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA O ÊXITO DA VIDA FAMILIAR
Quais são os princípios que um cristão deve seguir na realização de uma vida familiar eficaz, responsável e feliz?
1) A GRAÇA – A graça é de capital importância na formação de lares verdadeiramente cristãos. A graça não é, como no caso da onipotência, uma qualidade de vida que se aplica somente a Deus. O sentimento da graça foi o que Abraão experimentou com referência ao seu sobrinho Ló. Este sentimento representado pela palavra grega é aquele que os acusadores da mulher adúltera necessitavam; Paulo e Silas mostraram a graça em sua atitude para com o carcereiro filipense na prisão de Filipos; era o sentimento que o apóstolo João, na ilha de Patmos, necessitava ao recordar as pessoas responsáveis pelo seu exílio; era o que John Bunyan precisava, pois estava preso injustamente no cárcere de Bedford; é o que Roger Williams necessitava, ao sofrer s cruéis dissabores de seu desterro; é o que você precisa, em relação à sua família, continuamente.
GRAÇA é a aceitação amorosa e compreensiva dos outros membros da família, tal qual são e sem esperar que sejam como nós desejamos. Em um lar cristão cada membro, movido pela graça, deve aceitar a cada um dos demais.
Porém, a graça cristã, não só significa aceitação, mas inclui, além, disso, refúgio e proteção. Cada pessoa neste mundo necessita de proteção e segundo o plano de Deus, o lar é a instituição que supera todas as outras na oferta de um refúgio adequado. E o lar se preocupa por este assunto e estuda as possibilidades
de ajuda ao seu alcance, podemos ficar seguros de que diminuirão as úlceras, os ataques cardíacos, o abatimento, a confusão e diversos casos de neuroses que açoitam a humanidade no presente.
A graça cristã significa também ajustamento. Alguém disse que o acordo “é” a própria essência do matrimônio. O ajustamento não é alguma coisa que se pode chegar durante a lua de mel, e logo esquecê-lo. Precisamos dele quando nasce o primeiro filho, quando mais tarde passa a frequentar a escola, quando a doença nos visita, quando chega a velhice, e quando a morte se faz presente. Uma vida de família feliz exige um constante ajustamento com as necessidades, esperanças, e fracassos dos outros membros da família.
A graça cristã, além de significar aceitação, refúgio e ajustamento, significa também amor. A justiça às vezes conduz à rejeição na família; o amor, entretanto, inspira o perdão. O pecado exige justiça, porém o amor exige restauração.
Não é esta a idéia que encontramos na experiência do profeta Oséias com Gomer, e a atitude de Davi para com seu filho Absalão, e a compaixão de Paulo9 para com seus irmãos de raça? O Senhor Jesus oferece um conhecimento profundo do imenso valor da família quando focaliza o novo nascimento, uma segunda oportunidade, a outra face e a segunda milha.
O veículo da família cristã sofreria vergonhosa pane se não fosse pela
Graxa da graça. Bem-aventurada a família que possui a sabedoria de cultivar o dom da graça de Deus.
2) DEDICAÇÃO – A dedicação é outro dos princípios bíblicos que convém compreender bem, e por essa prática na vida diária da família.
Os seres humanos são os únicos seres conhecidos na criação que possuem condições de contrair matrimônio. Somente eles podem, voluntariamente, dedicar-se um ao outro. Alguns animais e algumas aves unem-se, porém sua relação é instintiva e não volitiva. Os animais se juntam, porém os seres humanos se casam. É esta qualidade divina da dedicação volitiva que se expressa quando no casamento as partes contratantes dizem “sim”.
Sem uma dedicação incondicional não seria possível haver um casamento cristão. A maneira em que a maravilhosa experiência de salvação começa com a dedicação do crente para com Jesus Cristo, de igual modo a magnífica experiência do casamento cristão começa com a mútua dedicação de duas pessoas racionais, uma para com a outra. Esta dedicação é de caráter espiritual mais do que material. Não é um assunto legal ou uma experiência física. É uma dedicação espiritual para tempos bons ou maus, para a enfermidade ou saúde, para a adversidade ou prosperidade, enquanto durar a vida.
Esta dedicação é a decisão do noivo de ser fiel à sua prometida e abster-se de atos imorais. É a dedicação da noiva, aquela que crê que Deus escolheu o homem para ser seu esposo e que a induz a se manter pura. E esta dedicação de um ao outro no casamento cristão, sob o estandarte de perene felicidade e pureza, é a meta que se deve ter presente para formar lares cristãos.
Esta ideia de dedicação se aplica não somente aos esposos entre si, mas nas relações entre os pais e os filhos. A dedicação dos pais para com a criatura faz com que o bebê seja amado e atendido, o menino de idade escolar, sustentado e disciplinado, o jovem guiado e socorrido. Esta dedicação tornará possível para que os filhos jamais se sintam desligados da proteção do lar.
Chegará o dia quando se separam, porém jamais se devem desligar. O “afeto natural” a que se refere o apóstolo Paulo em Efésios 5:22-29, bem pode incluir este conceito da permanente dedicação dos pais em seu abnegado amor para com os filhos.
Porém, a dedicação, inclui também aquela que os filhos devem sentir com seus pais. Assim como os pais devem ter um claro e decidido interesse pelo bem-estar de seus filhos, estes, por sua vez, têm também a obrigação imposta por Deus de se preocuparem pelos seus pais. E esta dedicação não cessa, mesmo quando o menino se torna adulto e quando a menina se torna mulher, e se casa.
Muda, sim, porém não desaparece. Enquanto os pais viverem os filhos devem obedecer aos ensinamentos da Bíblia em relação à dedicação aos pais, pois é a inspiração do amor filial.
Uma compreensão mais clara deste princípio da dedicação pode, substancialmente, ajudar a mudar a vida familiar, do estado de transição em que agora se encontra, para o estado mais permanente representado pelo plano original de Deus para o lar.
3) LIBERDADE – A vida familiar cristã, além da graça cristã e da dedicação, necessita também da liberdade. A Bíblia decididamente rejeita e condena a libertinagem, porém aceita e defende o princípio da liberdade. No início das relações de Deus com o homem lemos que “deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher” (Gênesis 2:24). Deixar o lar paterno para estabelecer um novo é um mandamento bíblico razoável.
Psicológica e espiritualmente é conveniente que os jovens e seus pais se separem, separação esta promovida tanto pelos pais como pelos filhos, dentro de um marco de responsabilidade. Mui sábio é o provérbio que diz: “Não, nenhum teto é suficientemente grande para hospedar duas famílias”. Cada uma delas deve estar livre para cometer seus erros e aprender através deles, analisando suas necessidades, tomando as providências para supri-las, e produzir em uma atmosfera de liberdade responsável a categoria de um lar que Deus busca.
Os meninos que nascem no lar também necessitam de liberdade. Os pais, sábios, preocupar-se-ão a fim de não criar um ambiente de libertinagem e falta de respeito à lei, que serve de tropeço para os filhos, formando-os sem disciplina, sem preceitos e sem amor. Mas, os filhos também precisam dos valores morais da verdadeira liberdade, à medida que crescem. Os pais, sábios, hão de estabelecer que a liberdade que os folhos tenham, deve obedecer dentro d limites fixados, para que não degenere em libertinagem.. Os pais devem preocupar-se por achar maneiras de realçar o valor da liberdade na vida familiar. Quando, aos filhos, é negada esta liberdade, devido à irresponsabilidade maternal com extremado carinho ou por excessiva proteção da parte do pai, fará com que os seus filos sejam levados a um estado de neurose que pode afligi-los até a morte, após uma vida cheia de problemas e dissabores.
A inveja é a negação deste princípio da liberdade. Quando o monstro da inveja sobe à cabeça dentro do lar, sua influência é desastrosa. A melhor defesa
contra a inveja é uma ofensiva responsável guiada pelo amor e pela liberdade.
Cada membro da família possui certos direitos básicos que devem ser preservados. Cada um tem certas prerrogativas de liberdade que os outros devem reconhecer. Cada um possui um terreno psicológico e espiritual que ninguém deve invadir, sob qualquer pretexto.
Da maneira em que Deus criou o homem à sua imagem, segue criando cada indivíduo à sua imagem. Portanto, ninguém tem direito a formar outra pessoa à sua própria imagem pessoal, nem também à mesma família. É muito mais o caso de que reconheçamos a imagem que Deus deu aos pais e filhos, do que tratar de remodelá-los à imagem de nossas noções imperfeitas. A liberdade cristã aplicada à vida familiar exige que cada membro desenvolva sua própria personalidade.
4) – RESPONSABILIDADE – A responsabilidade é uma característica fundamental da família cristã. Este princípio da responsabilidade é um aspecto significativo nas relações corretas entre Deus e o homem. Uma correta responsabilidade para com Deus é a garantia que deve existir ao serem feitos os planos para contrair matrimônio, para formar um lar e para tomar as medidas para o seu desenvolvimento, de acordo com a direção de Deus.
Um cristão tem a responsabilidade de conservar-se puro antes de se casar, de casar-se dentro da fé de sua igreja, evitando a tentação de pensar que poderá converter ao outro depois do casamento. O sábio conselho do apóstolo Paulo, que disse: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos” (II Coríntios 6:14), é tão oportuno hoje como fora quando Paulo escreveu
Um homem e uma mulher cristãos têm a obrigação de se unirem em uma cerimônia cristã para realizar o começo de sua nova relação no Senhor.
Têm o dever de formar um lar cristão, de conservar um espírito que preserve os propósitos de Deus ao estabelecer a família, e se garantir mutuamente de que o casamento não há de degenerar em libertinagem biológica ou em necessidade material.
O homem tem a responsabilidade de prover para a sua própria família.
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (I Timóteo 5:8).
O esposo e pai deve à sua família não somente o pão,a roupa e o teto; mas, também, amor, tempo e atenções. Lamentável é o fracasso do pai que pensa que a sua família necessita são as coisas que ele pode providenciar, sem pensar que ele mesmo é o que a família mais necessita.
A esposa e mãe tem a responsabilidade de providenciar para o seu marido e seus filhos, direção e comodidades refinadas, que elas estão capacitadas para oferecer. A mulher que fracassa nisto, dela poder-se-á afirmar que é “pior que m incrédulo”.
Os pais têm a responsabilidade de se apresentar a si mesmos como um exemplo de conduta para os seus filhos. Têm a responsabilidade de prover para os filhos disciplina, sem a qual os filhos haveriam de passar pela vida como potros sem serem domados, arruinados pelo descuido de seus donos. Fala assim o sábio: “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tua a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” (Provérbios 23:13,14). Também disse: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 13:24). E acrescenta: “Ensina a criança no caminho em que deve andar; e, ainda, quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6).
Os pais hebreus de antigamente foram exortados a exercer disciplina com estas palavras: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tuas inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Deuteronômio 6:6,7).
Também, de vez em quando, a disciplina inclui castigo corporal, mas a essência da mesma é o amor; um amor abnegado que se sacrificas, e que os pais oferecem porque sabem que sem ele os filhos haveriam de percorrer uma carreira
desastrosa, no mundo hostil em que vivem.
Os cristãos têm ao seu alcance os meios para formar lares cristãos, para glória de Deus Pai e para o bem da humanidade, assim como os meios para viver uma vida cristã, digna e eficaz. Assim, pois, quando estes princípios da graça cristã, dedicação, liberdade e responsabilidade relacionam-se dinamicamente com a vida cristã em família nos dias de hoje, então será produzido um estímulo estupendo, a fim de que haja a vida cristã ideal no seio da família.
Apesar de que os problemas atuais, relacionados com a família cristã, são extremamente complicados, nem por isso são insolúveis.
A raiz fundamental dos mesmos é de caráter espiritual. Se o nosso Salvador Jesus é aceito como o centro de nossos lares, então o enfoque dos problemas é mais fácil, as respostas surgem por si somente, e os deveres de família deixam de ser tarefas pesadas, para se converter em atividades significativas, parte de algo de valor supremo.
A vida de família triunfante “é um sistema por meio do qual, pessoas que são imperfeitas e contenciosas, se sentem impelidas por um sonho muito maior que elas, e vão lutando, através dos anos para fazer deste sonho uma realidade, apesar dos fracassos e desilusões.
A exortação de Deus para igualar a fé cristã com a conduta cristã é especialmente evidente em relação com a família.
EBENEZER!!!!!
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