26 de fevereiro de 2013

Os Cristãos São Cidadãos

Os Cristãos São Cidadãos
03 – “OS CRISTÃOS SÃO CIDADÃOS”
 
Extraído do Livro “MUESTRAME TU FE” – Foy Valentine
 
Romanos 13:1-5 “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque
                 não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que
                 existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à
                 autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão
                 sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para
                 temor quando se faz o bem,e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não
                 temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a auto-
                 ridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal
                 teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro
                 de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que
                 lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas
                 também por dever de consciência.
           
Foi dito que uma vez o evangelista DWIGHT  L. MOODY foi duramente criticado por uma senhora, que afirmava que o mesmo havia tomado parte demasiadamente ativa em uma campanha política na cidade de Chicago – Estados Unidos da América. A senhora lhe fez a seguinte pergunta: “Depois de tudo, senhor Moody, não é você um cidadão do céu?” Respondeu-lhe Moody:: “Certamente que sou cidadão do céu, porém, atualmente, voto no condado de Cook, Illinois”.
            Cada cristão é cidadão de dois mundos. O fato de que seja cidadão do reino de Deus induz o crente a pensar, a falar e a trabalhar levando em conta essa cidadania. Entretanto, sua cidadania terrena não pode ser descuidada, porque implica em detrimento de sua responsabilidade presente como cidadão e, isto, contraria a vontade de Deus. Assim como o cristianismo exerce influência na vida familiar, Como também nas demais áreas e relações da vida, inclui também no campo importantíssimo da política. O cristão não é deste mundo, porém, como vive nele, estão sobre si importantes e santas responsabilidades, relacionadas com a sua cidadania.
            O cristão não possui nenhuma lealdade terrena mais básica e critica que a de sua cidadania. Quanto mais considera e cumpre suas responsabilidades na formação de um lar cristão e, assim,  influi para que seu lar seja um lugar onde se possa viver com dignidade, e de amar ao próximo como a si mesmo, mais e mais se dá conta do significado decisivo da cidadania. A menos de haver um número razoável de cidadãos que assumam seriamente as responsabilidades da cidadania, será impossível que pessoas honradas e pacíficas possam sustentar por muito tempo o caráter cristão de seus lares; ordem na comunidade e uma estrutura social que adore o sentimento de amor ao próximo. As exigências de uma democracia, são particularmente rígidas. “Para o funcionamento de uma democracia, devem estar presentes dois fatores: caráter e inteligência. Outra necessidade seria o exercício permanente do bom senso, além da simpatia e amor para com os nossos semelhantes e a lealdade para com os mais altos princípios. Tudo isso é outra maneira de dizer que a democracia política é baseada na escola e na igreja”.
        Por mais que um cristão busque na Bíblia um minucioso catálogo de ensinos referentes à cidadania, não o poderia encontrar.
             
            A Bíblia ensina que o governo civil deve ser respeitado. Da mesma forma que o lar e a igreja, o Estado é uma instituição ou instrumento criado por Deus. Sem alguma forma de governo não se poderia viver no mundo de hoje. O sonho utópico de alguns indivíduos radicais, de que chegará o dia quando o governo desaparecerá e os homens vivam juntos em perfeita paz e mútuo respeito, não poderá se realizar até o dia quando “os reinos do mundo se tornarão propriedade de nosso Senhor e de Seu Cristo” (Apocalipse 11:15). O certo é a conveniência e
necessidade da existência de governo.
            O apóstolo Paulo expressa a opinião de que o governo é uma das ordens da criação, quando exorta que toda alma se submeta “as autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por Ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos 13:1,2). Se não fosse pela autoridade estabelecida por Deus, exercida por funcionários públicos. O mal se expandiria desenfreadamente. Tem sido o costume, desde os começos da história, aguardar que o governo não somente bloqueia o mal, como também providencie para os seus cidadãos aquelas coisas que eles mesmos não podem conseguir, como, por exemplo, proteção contra um inimigo estrangeiro, a construção de estradas, o estabelecimento do Correio, e a adoção de tarifas protetoras. O preâmbulo das Constituições de vários países latino-americanos declara que é função do governo criar condições para a defesa comum, promover o bem-estar geral e assegurar a permanência da liberdade.    
            A Bíblia ensina que devemos obedecer às leis do Estado. O apóstolo Paulo especifica que a obediência às autoridades oficiais é  necessária, não somente para evitar o castigo, mas por causa da consciência; isto é, não somente porque produz segurança e é conveniente, como também porque é nosso dever moral agir dessa maneira (Romanos 13:5). A admoestação do apóstolo Pedro acerca dos deveres cívicos que incidem sobre os cristãos, é uma das mais claras no Novo Testamento:
            “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores, como para louvor dos que praticam o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai a todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai ao rei” (I Pedro 2:13-17).
            Em outra  passagem bíblica  os cristãos são advertidos para “que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra” (Tito 3:1).
            Entretanto, a obediência à lei não é um mandamento absoluto para o cristão. Aquele que se sujeitou à autoridade de Jesus Cristo deve dedicar-Lhe a máxima lealdade. Portanto, é de se esperar que o cristão use seu discernimento
moral em seu apoio ao governo civil. O profeta Daniel, de joelhos, orou a Deus três vezes por dia como era seu hábito, apesar de que o rei Darío haver decretado que não fossem feitas essas petições, sob pena do culpado ser atirado ao fosso dos leões. Igualmente, cada crente deve suprema lealdade a Deus. Jesus adverte aos seus seguidores: “…um só é vosso Guia, o Cristo” (Mateus 23:10).
            Quando os governantes, os anciãos e os escribas ordenaram a Pedro e João que não  pregassem e nem ensinassem no nome de Jesus, Pedro e João corajosamente responderam: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos” (Atos 4:19,20) e “então Pedro e os demais apóstolos afirmaram: antes importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).
            A principal obrigação do cristão é para com Deus. A cega atitude daquele que diz: “Minha pátria primeiro, com razão ou sem ela”,  não é nem cristã nem patriótica. Reconhecer como legítima uma injustiça do governo é patriotismo do diabo. ROBERTO ATKINS em 1622 esclareceu esse ponto como quicas ninguém havia feito. Quando foi expulso do seu posto eclesiástico por ter-se recusado a assinar a vergonhosa lei de conformidade, declarou em seu último sermão na
Catedral de Exeter, “Rogo-vos que não interpreteis nossa falta de conformidade como um ato de discórdia ou de deslealdade. Estamos dispostos a fazer qualquer Coisa por Sua Majestade, desde que não seja pecado. Colocaremos qualquer coisa pelo rei, menos nossas almas. Cremos que se nos oferecesse ocasião, poderíamos morrer por ele, porém por causa dele não haveremos de condenar nossas almas?”  Os cristãos têm a especial obrigação de usar discernimento moral no apoio ao governo civil.
            Particularmente, nesta época, quando os países totalitários estão realizando um esforço monumental para submeter todos os aspectos da existência humana, inclusive a religião, ao domínio do Estado, é imperativo que os cristãos se mantenham leais a Deus, acima de qualquer lealdade.
            A Bíblia ensina, também, que o cristão deve pagar os impostos. Quando certos fariseus e herodianos lhe perguntaram se era lícito pagar tributo a César, Jesus tomou uma moeda, destacando o fato de que a imagem representada na moeda era a de César, dizendo: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 12:17). Afora qualquer outra coisa que este versículo possa explicar, é claro que ensina que o cristão deve pagar impostos, dando o ouro ao governo, porém, dando-se eles mesmos a Deus.
            Embora tratando-se de um governo tão longe de ser cristão em seus ideais, como demonstrava o governo romano, o apóstolo Paulo aconselhava aos cristãos a que, sem vacilação, pagassem seus impostos. “Pagai a todos o que lhes é devido; a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; as quem respeito, respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13:7). Os cristãos podem, legitimamente, fazer sentir sua influência para melhorar o sistema de impostos, de acordo com o que entendem ser a vontade de Deus, porém não devem deixar de pagar os impostos que lhes corresponda como dever cívico, sem o que o governo não poderia sustentar a sua estrutura.
           
            A Bíblia ensina que os cristãos devem orar pelos governantes. Os funcionários do governo necessitam das orações de homens de bem como ajuda para cumprir seus deveres diários. Nas decisões que são importantes, as autoridades locais, estaduais e nacionais, precisam do apoio da sabedoria divina.
Paulo destaca a responsabilidade dos cristãos de orar por funcionários do governo quando disse: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de suplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Timóteo 2:1-4).O cristão que deixa de orar pelos que ocupam postos de autoridade, peca contra si mesmo, contra esses funcionários que tanto necessitam da ajuda divina, contra a nação, contra o futuro e contra Deus a quem não obedece.
           
            Por conseguinte, é possível saber o que a Bíblia ensina sobre os nossos Deveres cívicos e, apesar disso, deixar de cumpri-los. Os cristãos têm o dever, não somente de familiarizar-se com os ensinos bíblicos acerca desses deveres, mas, também de praticar esses ensinos, dia após dia.
            Em uma democracia, em que a nação deriva seus poderes através do consentimento dos cidadãos, os cristãos têm uma grande responsabilidade cívica, porque uma democracia requer muito mais de seus cidadãos que qualquer outra forma de governo.
            Se o cristão não assumir sua responsabilidade cívica, traria como conseqüência, deixar em mãos daqueles que não são cristãos, a direção dos assuntos nacionais. Na realidade, um verdadeiro cristão não pode adotar essa atitude.
            O crente que assume a parte de responsabilidade cívica que lhe toca, tem diante de si várias avenidas de serviço, no qual pode expressar suas preocupações e convicções cristãs. Pode votar. Pode esforçar-se para estabelecer normas de alto valor moral, na vida pública. Pode participar das atividades políticas de um partido. Pode influir, para reafirmar o princípio de separação entre a Igreja e o Estado. Pode, também, caso a oportunidade apareça, oferecer-se como candidato a um posto público. Pode, com dedicação, tornar-se parte do processo total, mediante o qual sejam criadas e executadas com justiça, as leis do Estado.
           
            O cristão que cumpre com os seus deveres cívicos em uma democracia leva muito a sério a responsabilidade na questão do voto. Em um país onde cada cidadão exerce livremente o seu direito de votar secretamente, no caso de evitar de votar ou anular o seu voto, isso demonstra uma séria deficiência, porque sobre ele recai não somente a responsabilidade de votar, mas votar de uma maneira que honre a Deus e sirva a uma causa justa.
           
            O cidadão cristão que deseja servir a Cristo mediante seu voto deve se informar sobre os assuntos que serão resolvidos na eleição, e sobre o caráter pessoal, capacidades e ideais políticos dos candidatos.
Em uma democracia se há algo pior do que uma urna vazia, é uma cabeça vazia sobre os ombros dos eleitores. Devido à grande divulgação da propaganda política da parte dos diversos partidos políticos faz-se necessário que o cristão estude conscientemente as questões que são debatidas no tapete político (comícios, jornais, revistas, rádios e televisão). Isso ajudaria na hora de votar de uma maneira que corresponda à vontade de Deus. Era melhor maneira ainda é aquela em que, através da oração, o bom Deus seja consultado.
           
            Vêem em nosso auxílio as palavras do apóstolo João quando disse: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora”
(I João 4:1)
Quando há candidatos cristãos às eleições é importante que eles contem com o apoio de seus irmãos na fé. Aqueles que têm assumido responsabilidades.
políticas em assuntos públicos, e cuja  relação pessoal com Cristo, como seu Senhor e Salvador, é uma garantia de sua conduta política, pois estará de acordo com os princípios cristãos básicos, merecem a ajuda e apoio de outros cristãos.
           
            O procedimento  ligado à votação, em que uma cidadania responsável e bem informada, registra sua opinião mediante o voto, deve ser entendido como um fideicomisso (1) sagrado.
Os cidadãos cristãos responsáveis não podem encarar a eleição com leviandade, como se Deus não se interessasse por ela. Se bem que o voto não é a maneira na qual se pode exercer a maior influência na orientação da vida pub liça, contudo, o voto é de suma importância. Merece a atenção e o interesse de todos aqueles que desejam submeter a vida política nacional ao senhorio de Jesus Cristo.
           
            O aspecto moral da vida pública de uma nação não é determinado mediante decretos legais, mas pela classe de pessoas que integram a população. Quando os cidadãos põem em prática, a honra, a integridade, a justiça, o respeito à autoridade, a honestidade, a verdade, a bondade e o amor, entendemos que estas qualidades hão de se manifestar na vida pública. Portanto, os cristãos podem exercer uma profunda influência na vida política de uma nação, se encarnam em sua conduta os altos princípios de justiça e retidão.
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5:16), é a admoestação de Jesus a esse respeito. Os cristãos podem, também, contribuir para aclarar as normas morais da nação, se participarem dos estudos de comissões e conferências em que esses assuntos são discutidos. Os cidadãos cristãos modernos que estão demasiadamente ocupados, dizimando a hortelã-pimenta, o cominho e o endro, estão se descuidando de seus deveres cívicos.
(1) FIDEICOMISSO – disposição testamentária em que um herdeiro ou legatário é encarregado de conservar e, por sua morte, transmitir a outrem o seu legado.
            A responsabilidade do cristão cidadão não somente requer o reconhecimento dos princípios cristãos, mas a inclusão dos mesmos na contextura da vida pública nacional. Esta área da experiência humana precisa, também, dos benefícios da obra redentora de Jesus Cristo, manifestada na influência das pessoas salvas por Cristo, que são o sal da terra e a luz do mundo.
            Outra manifestação da responsabilidade cívica do cristão é sua participação no trabalho dos partidos políticos. Cristãos altamente competentes e honestos, diferem em seu ponto de vista político.
Enquanto alguns dizem: “Eu voto sempre pelo melhor candidato do que pelo partido”, outros dizem: “Eu voto sempre pelo melhor partido do que pelo candidato”. O que devem fazer os cidadãos cristãos, compenetrados de sua responsabilidade cristã, em relação com a política dos partidos?
            A contestação simples a essa pergunta é que devemos estudar a declaração formal de princípios de cada partido, e apoiar o partido cujos princípios mais se aproximam, do espírito cristão, expressado nas sagradas páginas das Escrituras. Porém, a solução não é tão simples como parece. Nos Estados Unidos, onde tradicionalmente existem somente dois partidos (dos Democratas e dos Republicanos), que abrangem quase toda a população, resulta relativamente fácil conhecer e comparar as declarações políticas de cada um. Porém, nos países latino-americanos onde, não somente existem um bom número de partidos, mas, também, no seio de um determinado partido existem diversas alas, o problema torna-se sumamente sério. É mui difícil conhecer precisamente a orientação dos diversos partidos no tocante aos princípios nos quais a consciência cristã tem um interesse especial. É o caso de considerar, também, que muitas vezes as diferenças entre os partidos, são baseadas em personalismos que afetam o prestígio de determinadas pessoas, mais do que nos princípios de ética cristã aplicados à vida política de uma nação.
            Às vezes acontece que um indivíduo encarna e representa uma determinada tendência política. Nesse caso, votar em tal pessoa, seria votar pelos princípios ético-políticos que ele propõe. Como exemplo disto podemos citar o que ocorreu nos Estados Unidos, no princípio da vida política do país, relacionado com TOMAS JEFFERSON e ALEJANDRO HAMILTON, e anos mais tarde quando apareceu no cenário político do país a brilhante figura de ABNRAHAM LINCOLN.
Seja como for, tenhamos em presente que, em uma democracia, o voto é a arma mais poderosa do povo, e que o cristão tem a obrigação moral de fazer sentir sua influência moral sobre a nação, mediante o seu voto.
            Os partidos políticos afetam a totalidade da vida política de um país, exercendo sua influência nos distintos níveis da vida social e política.
           A nomenclatura destes níveis é diferente em diversos países, de acordo com a tradição e a forma de governo. Por exemplo, uma república federal tem um número maior de funcionários.
            Concretamente, quando se fala da hierarquia dos candidatos, são denominados vários níveis, o principal é o de caráter nacional; que se refere ao primeiro mandatário do país (vamos tratar do Brasil), o presidente da República; seguem-se, pela ordem, os membros da Câmara Alta (senadores) e os membros da Câmara Baixa (Deputados), os quais representam os seus Estados.
            Estes elegem, seus governadores e deputados estaduais (Assembléia Legislativa). Por último, os Municípios, onde são eleitos o prefeito e os Vereadores (Câmara dos Vereadores). A área onde o cidadão cristão pode exercer a maior influência é, justamente, a local ou municipal. No nosso caso brasileiro, a Câmara de Vereadores, é aí onde o crente é mais bem conhecido e, por isso, deve ser mais ativo. Não cremos que um cristão deve dizer a uma pessoa a qual partido deve pertencer, porém deve insistir com outros para que se coloquem do lado da liberdade, da justiça, do direito e da eqüidade.
           
            E quanto aos candidatos, consideremos a importância de conhecer as pessoas especialmente interessadas em promover a sua candidatura, e as quais, por essa razão, ele se sentiria obrigado.
É bom saber, também, quem o apóia financeiramente, e os compromissos que tenha assumido em favor dos que o ajudam na economia de um partido.
           
            Esses são assuntos importantes, pois ocorre que, às vezes, más e funestas influências lançam mão de homens honrados, apresentando-os como candidatos, com o propósito de enganar aos votantes. Em tais circunstâncias, em que influências de boa reputação apresentam a um candidato com menor destaque em sua personalidade, o cidadão cristão pode chegar à conclusão de que é melhor votar pelo candidato que defende a melhor causa ou o melhor programa, do que votar pelo melhor candidato.
            O problema central em determinada situação política quase nunca está em ter que eleger entre o candidato e o partido. Ambos são de grande importância e devem ser levados em conta, antes de tomar uma decisão.
            Outra característica de um cidadão responsável é a sua disposição de estudar, compreender e promove r uma correta relação entre a Igreja e o estado. EMIL BRUNNER se expressou muito bem, ao dizer: “A relação entre a igreja e o estado é o tema mais significativo na história do ocidente”. O cidadão cristão que não tem um interesse vital no princípio fundamental da liberdade religiosa, e em sua grande prova, a separação entre a igreja e o estado, desconhece uma das principais lições da história. Nenhum povo pode permanecer livre em um país, se o princípio fundamental de separação entre a Igreja e o Estado não for bem cuidado.
            Um dos fatores de interesse primário no ânimo dos fundadores dos Estados Unidos foi o desejo de gozar de liberdade religiosa.
Esse desejo materializou-se no princípio de separação entre a igreja e o estado, apoiado pelos primeiros batistas e por importantes segmentos dos intelectuais e dos dirigentes políticos da nação. Mediante os esforços destes grupos, este princípio de separação foi incluído na 1ª emenda da Constituição americana: “O Congresso não criará leis que estabeleçam uma religião oficial, o que proíbam o livre exercício da religião”. A respeito desta tremenda declaração, LEO PFEFFER, ma das maiores autoridades da questão sobre a separação entre a Igreja e o Estado, declarou o seguinte: “Estou convencido de que a evolução e venturoso estabelecimento desta peculiar experiência dos Estados Unidos, essencialmente expressado nas primeiras 16 palavras da primeira emenda, é a maior contribuição ocasionada pelos Estados Unidos em favor da democracia e do progresso humano”.
            Este princípio da separação entre a Igreja e o Estado veio a ser uma linha de conduta bem firmada na vida pública dos Estados Unidos nas primeiras décadas seguintes à revolução. Durante uns cem anos, considerou-se qualquer forma de ajuda, da parte do Estado, para qualquer igreja ou instituição religiosa, fosse encarada como uma violação das leis fundamentais do país.
            Essa atitude começou a sofrer mudanças ultimamente. O interesse do público, em geral, na separação entre a igreja e o estado tem afrouxado muito, e ao público pouco importa saber das violações que acontecem.
Alguns grupos, entre os quais devemos incluir aos batistas que, tradicionalmente, têm sido olhados como o cão de guarda deste princípio, têm perdido gradualmente a visão daquilo que a história ensina a esse respeito, no sentido de que a verdadeira liberdade religiosa não pode sobreviver onde não existe a mencionada separação.
            Um fator que nesse quadro é preciso levar em conta é o fato de que os católicos romanos cresceram muito em número, desde que a primeira emenda foi adotada, e que a igreja católica tem um especial interesse em destruir o muro de separação entre a Igreja e o estado, a fim de poder receber ajuda para as muitas instituições que possui, inclusive um grande número de escolas paroquiais.
Além disso, alguns tribunais têm aprovado a ajuda por parte do Estado a instituições religiosas, como o fornecimento de livros para as escolas católicas e a provisão de meios de transporte para os alunos das mesmas.
            Apesar de que este princípio da separação entre a Igreja e o Estado ter experimentado sérios golpes nos últimos anos, entretanto permanece firme como a mais brilhante esperança para os que odeiam a tirania e amam a liberdade.
Por essa razão é de principal importância que o cidadão cristão compreenda o que este princípio representa para a nação, econômica, social e idealisticamente.
Desconhecer esse princípio, intencionalmente ou por negligência, seria correr o risco de abrir uma caixa de Pandora* cheia de problemas divisionários.
Estas controversas poderiam, posteriormente, fragmentar os valores que são tão caros para a maioria dos norte-americanos, inclusive alguns que negam que o princípio da separação entre a Igreja e o estado, seja anti-religioso..
* PANDORA – Certa personagem mitológica (Aurélio).
 
            O cidadão cristão não pode divulgar esse princípio, com  propriedade, a menos que o compreenda, o aceite e o apóie. Os que estão dispostos a fazê-lo, devem estudar o assunto até dissipar qualquer convenção com a Cúria Romana sobre o que há de ser pago por certas dispensas ou concessões, que haja sido introduzida, e mediante a palavra escrita ou falada, como também mediante o voto e uma constante vigilância, promover a expressão deste princípio de separação nas esferas políticas municipais, estaduais e acionais, a fim de dissuadir aqueles que estejam dispostos a vender este precioso direito à liberdade religiosa por mísero prato de lentilhas. É mais difícil conservar a liberdade do que conquistá-la e a constante vigilância é, todavia, o preço da liberdade.
            Outra característica de um cidadão cristão responsável é a sua disposição, quando as circunstâncias a exigem, de se apresentar como candidato a um cargo eletivo. A política poderia ser uma vocação significativa e honrada para os cristãos que crêem que Deus os chama para assumir essa responsabilidade, e que este- jam dispostos a glorificar o nome de Jesus Cristo, servindo honradamente aos seus concidadãos, em um cargo público e, que olham tal coisa, como uma sagrada responsabilidade.
            Para a grande maioria dos cidadãos cristãos que não olham a política como sua principal vocação, existem diversas oportunidades de participar em atividades políticas, por exemplo, intervir nas eleições localizadas de funcionários escolares e de outros relacionados com a chefia da municipalidade; c Omo também na participação em cristã.
            Alguns, entretanto, devem dedicar a sua vida, integralmente, a uma
Carreira política, em cargos de enorme influência em distintos níveis, tais como local, municipal, estadual, nacional e internacional. Ao pensar nesta responsabilidade, nos chegam à mente, na história anglo-americana, os nomes de destacadas
personalidades, tais como JORGE WASHINGTON, ABRAHAM LINCOLN, DAVID LOYDE GEORGE, GUILLERMO JENNINGS BRYAN e CARLOS EVANS HUGHES. Listas semelhantes de homens de alta estirpe moral, podem ser encontradas em outras nações.
            O cidadão cristão responsável não somente há de emitir o seu voto, lutar em favor de elevadas normas morais na vida pública, participar das atividades políticas de seu partido, fazer sentir sua influência em favor da separação entre a Igreja e o Estado e, às vezes, apresentar-se como candidato a um cargo público, mas que decididamente há de usar toda sua influência em sua vida diária, na formação de uma política de ação pública. A menos de que assim seja, um cristão não pode eficazmente funcionar como o “sal da terra e a luz ética do mundo”, na esfera da ação política.
            Embora seja necessário que o cidadão cristão estude as plataformas políticas em cada eleição, e vote conscientemente, entretanto deve fazer algo mais. Deve manter um permanente interesse pessoal nos diversos problemas políticos, tendo o cuidado e não confundir suas opiniões pessoais políticas com o reino de Deus, porém, ao mesmo tempo, procurando saturar o mundo político com Percepções e soluções cristãs.
            A fim de ser eticamente correto em suas decisões deve manter, em primeiro lugar, sua fidelidade a Deus e inspirar-se em todos os seus atos, nos ensinos e exemplos de Cristo Jesus.
            Se bem que a responsabilidade do cidadão cristão muda segundo o tempo e o lugar, a sua obrigação de, seriamente, cumprir os seus deveres políticos não muda nunca. Para mitos cidadãos cristãos de hoje, o sentido da responsabilidade política sumiu como fumaça, e, por essa razão, é indispensável recuperar essa imagem. A fim de consegui-lo, cada um deve dedicar-se a uma atividade criativa no campo da ação política. Por exemplo, deve ter em conta o valor da personalidade humana, a suprema importância da liberdade humana e o significado da justiça social.
            Os cristãos que firmemente crêem a liberdade religiosa e que incondicionalmente confiam na separação entre Igreja e Estado, não devem desconhecer a responsabilidade política que sobre os seus ombros está posta, em virtude de serem cidadãos. Um homem moral tem a obrigação de dirigir os assuntos de uma nação, mediante a ação de uma lei moral.
            Há alguns anos a agência “GALLUP POLL” realizou uma pesquisa, na qual aparecia essa pergunta: “Se você tivesse um filho, lhe agradaria que dedicasse toda a sua vida a atividades políticas, quando terminasse os seus estudos universitários?”. A esta pergunta 68% respondeu negativamente, 21% respondeu afirmativamente, e 11% não opinou. Entretanto, fugir da política é fugir da vida, e fugir da vida é imoralidade.
            Francis P. Miller é especialmente eloquente em lembrar aos cidadãos que são cristãos:
            “O futuro de nossa civilização ocidental depende, em boa parte, da relação entre os cristãos norte-americanos e a política de seu país, particularmente com o que façam em relação com a política…Sabemos que se a religião é usada meramente como um reforço emotivo do poder da política, deixa de ser um elemento válido e vital. Ao mesmo tempo sabemos que se a política está separada da religião, pode conduzir à tirania. Por essa razão é preciso, sem demora, que os cristãos norte-americanos pensem, seriamente, na relação entre a fé cristã e a política, e sintam um impulso moral para participar dos trabalhos políticos”.
            Se bem que não se espera que uma igreja, em seu caráter de organização, se torne parte dos conflitos políticos, tem a obrigação, entretanto, se for uma igreja forte e vital, de estimular os seus membros para que tomem parte em atividades políticas, fornecendo-lhes a orientação espiritual que necessitam como cidadãos cristãos.
            As decisões políticas têm mais e mais influência em nossa maneira de viver. Embora, não seja fácil, determinar o que sejam as implicações de nossa cidadania no reino de Deus para a nossa responsabilidade de cidadão neste mundo, sabemos que é necessário envidarmos, valentemente, esforços para obter um correto relacionamento com ambas cidadanias.
            O cristão não está sendo chamado à uma esquizofrenia moral, segundo a qual é um personagem no mundo da igreja aos domingos, e outro, bem diferente, no mundo da cidadania no resto da semana.  Tem, isto sim, a obrigação de achar um relacionamento possível entre estes dois mundos, devido ao fato de que os cristãos são também cidadãos.
 
 
EBENÉZER!!!

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