JÓ
ESBOÇO
I – PRÓLOGO (1:1 – 2:13)
A – JÓ, ABENÇOADO E IRREPREENSÍVEL (1:1-5)
B – JÓ É TESTADO – (1:6 – 2:13)
1 – Satanás acusa Jó (1:6 – 12)
2 – A fidelidade de Jó apesar da tragédia (1:13-22)
3 – Satanás acusa Jó novamente (2:1-6)
4 – A confiança de Jó apesar do sofrimento pessoal (2:7-10).
5 – A chegada dos conselheiros (2:11-13)
II – DIÁLOGO (capítulos 3-27)
A – JÓ LAMENTA O SEU NASCIMENTO – (Capítulo 3)
B – O PRIMEIRO CICLO DE DISCURSOS – (Capítulos 4 – 14)
1 – Elifaz (capítulos 4 – 5)
2 – A resposta de Jó (capítulos 6 -7)
3 – Bildade (capítulo 8)
4 – A resposta de Jó (capítulos 9-10)
5 – Zofar (capítulo 11)
6 – A resposta de Jó (capítulos 12-14).
C – O SEGUNDO CICLO DE DISCURSOS – (Capítulos 15-21)
1 – Elifaz (capítulo 19)
2 – A resposta de Jó (capítulos 16-17)
3 – Bildade (capítulo 18)
4 – A resposta de Jó (capítulo 19)
5 – Zofar (capítulo 20)
6 – A resposta de Jó (capítulo 21)
D – O TERCEIRO CICLO DE DISCURSOS – (Capítulos 22-26)
1 – Elifaz (capítulo 22)
2 – A resposta de Jó (capítulos23-24)
3 – Bildade – (capítulo 25)
4 – A resposta de Jó (capítulo 26)
E – O DISCURSO DE ENCERRAMENTO DE JÓ – (Capítulo 27)
III – INTERLÚDIO SOBRE A SABEDORIA – (CAPÍTULO 28)
Iv – MONÓLOGOS (Capítulos 29-41)
A – O DISCURSO FINAL DE JÓ – (capítulos 29-31)
1 – Bênção anterior, honra e bondade pessoal (capítulo 29)
2 – Desonra e sofrimento atuais e falta de bondade (capítulo 30)
3 – Um protesto de inocência sob sanções e juramento (capítulo 31).
B – OS DISCURSOS DE ELIÚ (capítulos 32-37)
1 – Justificativa para falar (capítulos 32:1-5)
2 – O primeiro discurso (32:6 – 33:33)
3 – O segundo discurso (capítulo 34)
4 – O terceiro discurso (capítulo 35)
5 – O quarto discurso (capítulos 36-3
C – AS RESPOSTAS DE DEUS – (38:1 – 42:6)
1 – O primeiro discurso de Deus (38:1 – 42-6)
2 – A reação humilde de Jó (40:3-5)
3 – O segundo discurso de Deus – (40:6 – 41:34)
4 – O arrependimento de Jó – (42:1-6).
V – EPÍLOGO (42:7-17)
A – OS CONSELHEIROS SÃO REPREENDIDOS (42:7-9)
B – JÓ É RESTAURADO – (42:10-17).
CAPÍTULO 1
1:1-5 – O prólogo (1-2) inicia com uma descrição de Jó abençoado por Deus e dedicado a ele.
1:1 – UZ – Uz era uma extensa região a leste de Judá, talvez à beira do deserto, mas que permitia plantações (versículo 14) e criação de gado (versículo 3).
Jó não era nômade, mas um ancião em uma das principais cidades da região,
(29:7). ÍNTEGRO E RETO – Essa é uma linguagem corriqueira e não significa que Jó não pecasse.
1:3 – OVELHAS…CAMELOS…BOIS..JUMENTOS – Entre os patriarcas, media-se a riqueza pela quantidade de animais de criação (conforme Gênesis 30:43).
1:5 – OS SANTIFICAVA – Jó preocupava-se corretamente com o bem-estar espiritual de seus filhos. OFERECIA HOLOCAUSTOS – Através desse meio da graça, o patriarca Jó, tal como Abraão (Gênesis 15:9-10), desempenhava o papel de sacerdote de sua família, consagrando seus filhos ao Senhor.
BLASFEMADO CONTRA DEUS EM SEU CORAÇÃO – O hebraico diz, literalmente, “bendito a Deus”, mas isso é um eufemismo. Amaldiçoar a Deus é um pecado pelo qual o próprio Jó seria testado (versículo 11).
1:6 – 2:13 – O escritor revela os acontecimentos no céu e suas consequências que, na terra, conduziriam ao sofrimento de Jó.
1:6-12 – Essa é a primeira das duas cenas no céu retratando o conselho divino e enfocando o encontro entre Deus (JAVÉ) e Satanás.
Satanás é mais do que um advogado de acusação. Ele se opõe à vontade de Deus, em consonância com o papel de serpente em Gênesis 3.
No versículo 9 ele questiona os motivos religiosos de Jó. O uso nos capítulos 1-2 (e também em 38:1: 40:1; 42J do nome “Javé”, o nome de Deus na aliança, indica que Deus estava num relacionamento de aliança com Jó, em amor e misericórdia, do princípio ao fim.
1;6 – SATANÁS – Ver a nota teológica “Satanás”.
1:8 – Jó é honrado por Deus, o qual o aprova como um servo verdadeiro e fiel, isto é, alguém que observa os juramentos solenes do relacionamento da aliança. Foi Deus, e não Satanás, quem destacou Jó para ser submetido a teste.
1:11 – Visto que era tão sensível à possibilidade de seus filhos blasfemarem contra Deus, Jó pecaria agora dessa mesma maneira?
1:12 – Permitiu-se que o Diabo submetesse Jó a teste, mas, por enquanto, somente no tocante às suas possessões e à sua família. O poder do Diabo ficou restringido àquele que lhe permitiu o Senhor.
1;13-22 – Apesar de Satanás ter sido autorizado por Deus (e por Ele limitado) a atacar as possessões, servos e filhos do patriarca, Jô permaneceu constante na sua crença de que Deus é bom.
1:20-22 – Jó declama um poema que retrata a sabedoria de uma submissão tranquila à vontade secreta de Deus. Tudo pertence ao Criador que tudo dá. O povo de Deus deve louvá-Lo faça Ele o que fizer com o que lhe pertence. A palavra “bendito” (versículo 21) é a mesma usada no versículo 11 para “blasfema”. Ao usá-la aqui, o autor salienta como Jó frustrou as predições de Satanás do versículo 11. Mas o versículo 22 deixa implícito que o teste ainda não havia acabado.
CAPÍTULO 2
2:1-6 – O avanço dos acontecimentos no céu – outra sessão de acusações da parte de Satanás – produz mais sofrimentos para Jó na terra.
2:3 – ELE CONSERVA A SUA INTEGRIDADE…SEM CAUSA – Em comparação
com 1:6-8, o súbito acréscimo de palavras de 2:1-3 mostra que o Diabo, ao perder o primeiro combate, é humilhado por Deus através de um pouco de ironia. A mesma palavra usada por Satanás para acusar Jó é novamente empregada aqui, traduzida como “sem causa”. O Diabo é que tinha cometido um erro, e não Jó.
2;4 – PELE POR PELE – Satanás estava sugerindo que até a declaração de fé feita por Jó em 1:21 não passava de fingimento, e que ele sacrificaria qualquer coisa para salvar a sua própria pele. Se Deus estendesse a Sua mão e fustigasse o corpo de Jô, então este amaldiçoaria a Deus em seu rosto.
2:6 – MAS POUPA-LHE A VIDA – Deus permitiu que o Diabo fosse usado como seu instrumento para ferir a Jó. Isso salienta o problema do mal. Satanás, como uma criatura, é limitado. Ele vai só até onde Deus permite. A palavra traduzida aqui por “poupar” também pode ser traduzida por “salvaguardar”.
Parece que Satanás estava sendo responsabilizado pela vida de Jó.
2:7-10 – Apesar dos ataques divi9namente autorizados (e divinamente limitados) de Satanás contra o seu corpo, Jó mostra-se firmemente apegado à sua convicção de que Deus é merecedor de louvores.
2:7 – TUMORES MALIGNOS – Não temos meios de saber a natureza exata da enfermidade de Jó.
2:8 – SENTADO EM CINZA – Talvez pela experimentação os antigos aprendessem que as cinzas eram um lugar em que as enfermidades não se espalhariam. Ou pode ter sido apenas uma maneira de lamentação.
2:9 – A esposa de Jó não sabia que Deus havia garantido a vida do seu marido.
2:10 – COMO QUALQUER DOIDA – A palavra hebraica traduzida aqui por “doida” tem a ver com as idéias de infidelidade e de apostasia religiosa, como no Salmo 14:1 (conforme 53:1). É um julgamento mais ético do que intelectual.
NÃO PECOU JÓ COM OS SEUS LÁBIOS – Essa ênfase na pureza da linguagem Usada por Jó é uma antecipação do contraste que se verá no diálogo, em que as palavras de Jó foram menos puras.
2:11:13 – Chegaram os amigos de Jó para consolá-lo em meio aos seus terríveis sofrimentos.
2:13 – SENTARAM,-SE COM ELE NA TERRA, SETE DIAS E SETE NOITES; E
NENHUM LHE DIZIA PALAVRA ALGUMA. – Essa conduta, ligada ao Número da completude (sete), exprime a mais intensa forma de tristeza que se poderia exibir. O protocolo oriental exigia que Jó fosse o primeiro a falar. Quanto à prática de lamentar os mortos por sete dias, ver Gênesis 50:10.
CAPÍTULO 3
3:1 – 27:33 – Em três ciclos de declarações o autor explora as perspectivas humanas sobre o sofrimento de Jó.
3:1-26 – Jó rompe o silêncio com uma lamentação fortemente emocional. Ele expressa o mesmo tipo de depressão que tomou conta do salmista (Salmo 88) e também de Jeremias (Jeremias 20:14-15), cujos amargos lamentos foram quanto à linguagem, semelhante aos de Jó.
3:3-10 – Jó não amaldiçoa a Deus, mas chega ao ponto de questionar a sabedoria divina em dar-lhe a vida.
3:11-16 – Enquanto os versículos 3-10 têm a forma de maldições, esses dezesseis versículos são perguntas retóricas. Jó dá vazão à sua frustração, perguntando porque não tinha sido um natimorto (versículos 11-12,16). Visto que isso não aconteceu, ele prossegue perguntando retoricamente porque não teria experimentado morte prematura (versículos 20,23).
CAPÍTULO 4
4:1-5:27 – Elifaz começa o primeiro ciclo de declarações (capítulo 4-14), nas quais Jó e seus amigos debatem as razões da sua sorte ingrata
4:2-6. Elifaz foi o menos cáustico dos três amigos de Jó, pelo menos na sua primeira declaração. Essas palavras iniciais, que supõem que Jó é inocente (versículo 7), devem ser comparadas com 22:1-11, em que ele se mostra plenamente convicto de que Jó estava recebendo o que merecia. Jó é elogiado por ser um mestre da sabedoria (versículos 3-4), mas no quinto versículo ele é advertido a não deixar de aplicar a si mesmo o que tinha ensinado a outros.
4:6 – O TEU TEMOR DE DEUS – Essa é a maneira do Antigo Testamento referir-se à verdadeira adoração.
4:8 – OS QUE…SEMEIAM O MAL, ISSO ELES MESMOS SEGAM – Esta é uma
verdade de sabedoria que não pode ser negada. Mas seria Jó culpado disso? Desde a morte de Abel (Gênesis 4:8-11) nunca foi verdade que os inocentes jamais perecem (versículo 7).
4:16 – A APARÊNCIA – Elifaz não tinha certeza sobre o que ou quem era a aparição, mas estava seguro de que era uma revelação sobrenatural.
4:17 – SERIA…O MORTAL JUSTO DIANTE DE DEUS – A pergunta não é se os seres humanos poderiam ser mais justos que Deus, o que era inconcebível naquela cultura, mas se poderiam ser justos aos olhos Dele. Os próprios anjos não são puros aos seus olhos (versículo 18). É possível que somente o versículo 17 seja uma revelação do Espírito e que os versículos 18-21 seja o comentário de Elifaz sobre essa revelação.
4:21 – MORREM E NÃO ATINGEM A SABEDORIA – Ou seja, a morte deles ocorre sem propósito e, portanto, não tem sentido. Eles “perecem para sempre” (versículo 20) sem que jamais houvesse um propósito para as suas vidas.
CAPÍTULO 5
5:1 – PARA QUAL DOS SANTOS ANJOS TE VIRARÁS – Nenhum dos “filhos de Deus”, os anjos santos, ousaria ajudar a Jó.
5:7 – O HNOMEM NASCE PARA O ENFADO – P ponto de Elifaz é que as tribulações não surgem espontaneamente como uma erva daninha qualquer, mas foram plantadas por aqueles que as colhem.
COMO AS FAÍSCAS DAS BRASAS VOAM PARA OS CÉUS – Literalmente
“os filhos de Resefe voam para cima”. Resefe era o deus da pestilência e da destruição. Uma frase semelhante é usada em Cantares 8:6, em que o amor é descrito como “brasas de fogo”. Em outros lugares, essa expressão idiomática é usada para indicar os relâmpagos (Salmo 78:48) e a pestilência (Deuteronômio 32:24; Habacuque 3:5).
5:17-26 – Esta referência à natureza disciplinadora do sofrimento humano é o único lugar nas declarações dos três conselheiros em que esse assunto é tocado.
5:19 – DE SEIS – NA SÉTIMA – Uma expressão poética que significa “muitas”,
5:23 – COM AS PEDRAS DO CAMPO TERÁS A TUA ALIANÇA – As tentativas de explicar tal aliança como uma linguagem figurada não satisfazem o contexto. Alguns estudiosos lêem aqui “aliança com a prole do campo”.
Visto que os animais selvagens freqüentemente matam os animais domésticos, isso se ajusta ao contexto inteiro, pois no versículo 22 Elifaz dissera que Jó não tinha necessidade de temer as feras da terra.
5:25 – SE MULTIPLICARÁ A TUA DESCENDÊNCIA – Considerando que Jó havia perdido todos os seus filhos, essa declaração foi desnecessária e cruel.
5:26 – Nesse momento, nem Jó e nem Elifaz imaginariam que essa declaração realmente se cumpriria para Jó;
5:27 – EIS QUE ISTO JÁ O HAVEMOS INQUIRIDO, E ASSIM É – Essa declaração final nos mostra que Elifaz estava errado. Ele pensava que compreendia o que estava acontecendo com Jó, mas isso não era verdade. Tal alegação revela arrogância espiritual.
CAPÍTULO 6
6:3-4 – AS MINHAS PALAVRAS FORAM PRECIPITADAS PORQUE AS
FLECHAS DO TODO-PODEROSO ESTÃO EM MIM CRAVADAS – Jó desculpa-se pela explosão de impaciência, pela fantasia de ter Deus se tornado seu inimigo.
6:6-7 – SEM SAL O QUE É INSÍPIDO…MINHA ALMA RECUSAVA TOCAR –
Elifaz não lhe havia oferecido um alimento substancial (versículo 5), Isto é, palavra de consolo. O que supostamente seria bom alimento (palavras) Deu náuseas a Jó.
6: 8 – QUE DEUS ME CONCEDESSE O QUE ANELO – O único consolo era o intenso alívio da dor que a morte traria. Ele afirma, continuamente e com firmeza, a sua fé no Senhor. Nota-se nesta passagem, que Jó acreditava em uma bem-aventurada vida no além.
6:25 – COMO SÃO PERSUASIVAS AS PALAVRAS RETAS – A diferença entre Jó e seus amigos é resumida aqui. As declarações desses amigos são Formalmente corretas, mas não se aplicam necessariamente a Jó. Na verdade, os Amigos o acusavam falsamente de ter vivido uma vida pecaminosa. Jó insiste em ter falado palavras honestas acerca de sua vida. Ele não tinha esquecido Deus e nem vivido libertinamente.
6:27 – ATÉ SOBRE O ÓRFÃO LANÇARÍEIS SORTE – Mais adiante Jó falará sobre seus próprios cuidados caridosos pelos órfãos (31:16-22). O nome de Jó significa, provavelmente “sem pai”.
6:29 – MINHA CASA TRIUNFARÁ – Literalmente “esta nela”. O “nela” é a insistência dos amigos em que Jó estivesse sofrendo por causa dos seus pecados. Ou Jó ou eles estavam errados.
6:30 – O MEU PALADAR – Nos versículos 6-7, Jó já havia falado das palavras deles como um alimento ruim. Aqui, ele pleiteia que mudem a “ração” que lhes estavam servindo.
CAPÍTULO 7
7:1-21 – Agora, Jó dirige as suas palavras a Deus. Essa é uma oração na forma de um queixume que os salmistas usavam freqüentemente.
7:5 – A enfermidade de Jó pode ter sido uma combinação de doenças. Sintomas repulsivos, entretanto, apareceram por toda a sua pele, seu maior e mais sensível órgão físico.
7:7 – NÃO TORNARÃO A VER O BEM – Por que a dor física é a perda de esperança da volta da saúde.
7:9 – JAMAIS TORNARÁS A SUBIR – Esta é a linguagem das aparências.
Jó não estava desenvolvendo uma doutrina, ele meramente afirmava o que todos observavam. Mais adiante, Jó mostrará que acredita na possibilidade da ressurreição (14:12-15).
7:11 – NÃO REPRIMIREI A BOCA – Tal como o salmista, Jó insiste em queixar-se da “amargura da alma”; mas note que ele se queixa diante de Deus, não diante do homem.
7;12- ACASO, SOU EU O MAR – No hebraico aparece aqui a palavra “mar” com nome próprio, sem o artigo definido. Isso é linguagem poética para a violenta divindade cananéia YAM-(Ma). Jó não adorava a Yam, mas conhecia a história a seu respeito.
7:14 – ME ESPANTAS COM SONHOS – Jó imaginava que Deus estava fazendo tudo aquilo. O leitor sabe, desde o prólogo, que Deus permitia que Satanás o fizesse. Contudo, essa permissão estava dentro da ordenança soberana de Deus.
7:15 – MINHA ALMA ESCOLHERIA…ANTES, A MORTE – Jó via a morte fazendo tudo aquilo. O leitor sabe, desde o prólogo, que Deus permitia que Satanás o fizesse. Contudo, essa permissão estava dentro da ordenação soberana de Deus.
7:15 – DEIXA-ME – Novamente Jó imagina ser Deus quem o atormentava. Porém, sabemos pelo prólogo que Deus tinha um propósito elevado e santo, em permitir que Satanás ferisse Jó.
7:17 – QUE É O HOMEM, PARA QUE TANTO O ESTIMES – Conforme o Salmo 8:4; 144:3. O salmista não estava sofrendo, por isso seus pensamentos sobre o assunto são positivos. Ele se admira por Deus cuidar tanto da criatura que criou para refletir a sua própria imagem. Em sua aflição, porém, Jó prefere que Deus o deixe em paz.
7;20 – O ESPREITADOR DOS HOMENS – Jó acha que Deus é muito rigoroso em procurar falta nos homens. Por qual pecado Deus o punia tão severamente? A MIM MESMO ME SEJA PESADO – Alguns manuscritos hebraicos e a antiga tradução grega dizem: “te seja pesado”.
7:21 – NÃO TIRAS A MINHA INIQUIDADE – Embora Jó salientasse a integridade (isto é, seu compromisso honesto para com a piedade e a retidão) do passado de sua vida, ele nunca negou ser um pecador.
CAPÍTULO 8
8; 1-22 – Essa resposta apresenta Bildade como um homem brutal e sem sentimentos. Ele se fez surdo ao clamor de Jó por compaixão (6:13-14, 26). Sua mensagem a Jó é direta. Ele e sua família receberam o que mereciam. Se ao menos agora ele se arrependesse dos seus atos desavergonhados que trouxeram essa desgraça, ele poderia ser restaurado a uma prosperidade e felicidade ainda maiores das que tinha desfrutado antes.
8:2– QUAL VENTO IMPETUOSO – Uma acusação fortíssima, diferente do tom de Elifaz, que tentara uma abordagem suave no princípio (4:2).
8:6 – SE FORES PURO E RETO – Na mente de Bildade, Deus teria misericórdia apenas quando os seres humanos a merecessem. Mas a misericórdia, na verdade, jamais pode ser merecida. Se for merecida, então já seria justiça.
8:8 – PERGUNTA AGORA A GERAÇÕES PASSADAS – Elifaz tinha apelado para a revelação como sua autoridade, embora essa revelação fosse um tanto enigmática (4:12-17). Bildade, porém, apelou para as tradições humanas.
8:13 – ÍMPIO – Bildade extrai várias ilustrações da natureza para descrever de desesperança daquele a quem chamou de “ímpio”. O termo em hebraico se refere a alguém que é profano ou contaminado pelo pecado. Como é óbvio, Bildade considerava Jó um caso típico de impiedade.
8:20 – DEUS NÃO REJEITA AO ÍNTEGRO – Este versículo contém o coração da teologia de Bildade sobre o sofrimento. Não estava errada como sabedoria corrente. O Salmo 1:6 ensina que o Senhor cuida do caminho dos justos, que o caminho dos ímpios perecerá. O erro de Bildade consistia em supor que Jó, por estar sofrendo, forçosamente era um ímpio.
CAPÍTULO 9
9:1 – 10:22 – A réplica de Jó a Bildade, nos capítulos 9-10, começa com um discurso sobre o poder e a sabedoria de Deus (9:1-13) e depois muda para indagações sobre a justiça divina (9:14-35). Em 9:30 ele passa a dirigir suas palavras a Deus, e isso continua até o fim do capítulo 10.
9:2 – COMO PODE O HOMEM SER JUSTO PARA COM DEUS. – Jó concorda com o ponto de vista de Bildade de que Deus castiga os ímpios e cuida dos justos (Salmo 1:6), mas haverá alguém que seja inteiramente justo?
9:3 – Jó ainda não sabia que o próprio Deus seria o seu examinador (38:3; 40:7),
9:6 – CUJAS COLUNAS – A terra é descrita, poeticamente, como se tivesse uma arquitetura subterrânea.
9:7 – A referência é um eclipse do sol e ao desaparecimento de certas estrelas no decorrer das estações do ao.
9:8 – As figuras poéticas deste versículo se referem à criação e ao controle de Deus sobre as forças da natureza.
9:13 – OS AUXIALES DO EGITO – Literalmente “Raabe”, Raabe é o monstro marinho dos semitas, cujo nome foi dado à prostituta de Josué 2, conforme 26:12. Em Isaías 30:7, esse nome aparece como um símbolo do Egito
9:15 – Jó deseja ter uma audiência com Deus para provar a sua inocência, mas pensa que a sua causa é sem esperança (versículos 14-20, 32-35).
9:21-24 – Estes versículos representam o ponto mais baixo dos discursos de Jó.
Como acontece com muitos que sofrem pesadamente durante um longo Período, Jó foi tentado ao fatalismo. Ele hesitou entre esperança e dúvida, chegando mesmo a acusar Deus.
9:24 – SE NÃO É ELE O CAUSADOR DISSO, QUEM É, LOGO – Essas tristes mas profundas palavras refletem a crença de Jó na soberania absoluta de Deus. Ele não estaria perplexo se pensasse que Deus fosse limitado.
9:25-31 – Jó enfrentava um dilema impossível. Ele se achava inocente, porém seguindo a opinião tradicional sobre o sofrimento, sua experiência lhe dizia que Deus pensava o contrário.
9:33 – NÃO HÁ ENTRE NÓS ÁRBITRO – Elifaz ridicularizou Jó com a idéia de
que nenhum ser celeste se arriscaria a defendê-lo (5:1). Aqui, Jó toca numa verdade profunda, a necessidade que o homem pecaminoso tem de um árbitro que alcance tanto Deus quanto o homem. Embora não seja uma predição direta, este versículo prevê a necessidade de “um só Mediador entre Deus e os homens (“I Timóteo 2:5).
CAPÍTULO 10
10:1 – A MINHA ALMA TEM TÉDIO – Conforme 7:16; 9:21, Jó não só estava
disposto a morrer, mas também via na morte a única saída (6:8-9). Nada de pior poderia acontecer, portanto ele se queixa abertamente,
10:2 – FAZE-ME SABER POR QUE CONTENDES COMIGO – Jó supõe que o
ponto de vista tradicional sobre o sofrimento defendido pelos conselheiros
estava correto. Ele não foi capaz de se livrar dessa opinião.
10:3 – PARECE-TE BEM – Literalmente “é bom?” (Talvez devesse ser traduzido
por “está certo?” – FAVOREÇAS O CONSELHO DOS PERVERSOS – Não é espantoso que Deus, mais tarde acuse Jó de lançar a sua justiça no descrédito? (40:8).
10: 4-7 – Temos ironia aqui. Jó sabe que Deus é onisciente. Ele não precisa invés-
tigar erros como um advogado de acusação comum. Ele sabe que Jó é
inocente; não obstante, fez de Jó sua vítima indefesa.
10:8-12 – Tal como o autor do Salmo 139:13-16, Jó compreende que Deus o
formara no ventre materno, dera-lhe vida e o abençoara.
Mas ele não entende como o mesmo Deus bondoso pode maltratá-lo tanto.
10:13 – ESTAS COISAS – Quais são as “coisas” a que Jó se refere? Jó dá a entender que os seus sofrimentos são um castigo divino planejado desde o início de sua vida. Ele não compreende que o plano de Deus para os seus sofrimentos seja algo mais que um castigo.
10: 14-15 – Tudo isso é vinculado à suposição equivocada de que os seus sofri-
mentos eram devidos à ira punitiva de Deus.
10:21 – O LUGAR DE QUE NÃO VOLTAREI – Há uma incoerência entre essa
descrição de Jó, de uma terra sombria, e a descrição de 3:13-19, de um lugar de paz e descanso. Isso prova que o desvario emocional de Jó não pode ser usado como base para a construção de uma teologia normativa do Antigo Testamento ou da teologia cristã. A regra de interpretação deve ser a aceitação das afirmações de Jó ou dos conselheiros somente quando estiverem em harmonia com a teologia normativa. Mas no fluxo dramático do livro, não podemos depender nem de Jó nem de seus amigos como fonte de formulações teológicas.
CAPÍTULO 11
11:1-20 – Zofar, o mais severo os conselheiros de Jó, expressa a sua opinião
sobre a sorte de Jó, aplicando erroneamente algumas verdades sobre Deus.
11:1 – O NAAMATITA – Naamã ficava, possivelmente, na Arábia. Essa não é a
Naamã de Josué (15:41), que ficava no começo da região montanhosa de Judá.
11:4 – SOU LIMPO AOS TEUS OLHOS – Essa não é uma citação correta das
palavras de Jó, que nunca se declarava impecável. Jó apenas afirmou não
levar o tipo de vida pecaminosa que pudesse merecer tão severos castigos. Ele já
havia admitido que nenhum mortal poderia ser justo diante de Deus (9:2).
11:6 – DEUS PERMITE QUE SEJA ESQUECDIDA PARTE DA TUA INIQÜIDADE
Essas palavras refletem a suposição de Zofar da enormidade do pecado (9:2).
11: 7-9 – Essas palavras são uma expressão eloqüente da transcendência de
Deus que Zofar, em seguida, aplica erroneamente.
11:13-20 – Isso parece um bom conselho para um pecado devasso, mas não se
aplica no caso de Jó. Como Bildade, Zofar não abre espaço para a misericórdia. Jó teria que se tornar justo antes que Deus o aceitasse.
11:14-15 – É arrogância da parte de Zofar pensar por que Jó estava sofrendo.
Do prólogo se sabe que não era porque Jó tivesse pecado. Jó tinha sido chamado por Deus para pertencer à grande companhia dos q ue já sofreram inocentemente para a glória do Senhor.
CAPÍTULO 12
12:1 – 14:22 – A resposta de Jó neste longo discurso começa com uma explosão
de sarcasmo conta os seus conselheiros. Ele continua falando com eles até 13:19. Em 13:20, Jó se volta para Deus, causando uma grande quebra de discurso. Essa inclinação de Jó para falar com Deus (orar) contrasta com a atitude dos conselheiros, que nunca disseram uma só palavra para Deus. Eles tão-somente falavam sobre ele.
12:4-6 – Jó agoniza por estar sendo motivo de zombaria, até mesmo para os seus amigos, enquanto os malfeitores e idólatras vivem em sossego e segurança.
12:7-8 – PERGUNTA AGORA ÀS ALIMÁRIAS…FALA COM A TERRA –Tal como
Elifaz, que apelara para a revelação, e Bildade, que apelara para as tradições humanas em apoio aos seus argumentos, Jó conclama todas as criaturas do universo para testemunharem a favor do argumento de que os ímpios prosperam e os justos sofrem.
12:12 – Ironia dirigida aos conselheiros, que eram idosos, mas não tinham se
tornado sábios.
12:13-25 – Nesta unidade poética, Jó expõe a doutrina da liberdade soberana de
Deus. Alguns têm interpretado isso como uma crítica atrevida e sutil a Deus pelo mau gerenciamento do universo. Nessa perspectiva, Deus é limitado e precisa ser “perdoado” pelas suas criaturas; Mas ao longo do livro, mesmo quando está rugindo por causa de seus sofrimentos e duvidando da justiça de Deus, Jó tem sempre em mente que Deus é soberano e que o homem não pode apresentar nenhuma objeção eficaz contra ação de Deus. Jó está diante de um mistério, um mistério profundo demais para os superficiais conselheiros. Essa parte do discurso deve ter sido provocada pela pergunta de Zofar em 11:7 “Porventura, desvendarás os arcanos de Deus?” O poema pode também ser uma réplica ao livro de Elifaz em 5:1-26, no qual a pessoas boas só acontecem coisas boas, uma idéia que se mostra falsa nesta estrofe.
CAPÍTULO 13
13:13-27 – Jó volta ao pensamento sugerido no versículo 3. Agora ele decidiu que
precisa ter uma audiência com Deus.
13:14 – POREI A VIDA NA MINHA MÃO – Jó teme não sobreviver à audiência
com Deus.
13:15 – EIS QUE ME MATARÁ. JÁ NÃO TENHO ESPERANÇA – Há traduções
que dizem: Eis que me matará, porém confiarei nele” Com base nesta tradução, este versículo tem sido freqüentemente citado como suprema expressão de confiança no Senhor. Jó confiava q eu teria uma audiência com Deus e que isso traria a sua libertação: “O fato de o ímpio não vir perante ele”.
Outrossim, o versículo 18 deixa claro que Jó pensava positivamente sobre ser justificado quando comparecer diante do Senhor. A palavra “justificado” subentende que a alegação de inocência de Jó seria comprovada verdadeira diante das acusações falsas que os conselheiros vinham fazendo.
13:23 – QUANTAS CULPAS E PECADOS TENHO EU – Jó sabia que, se desco-
bertos seus pecados não incluiriam uma espécie de iniqüidade desenfreada que pudesse justificar os terríveis sofrimentos. Ver nota em 11:4 e
29:7-17.
13:24 – ME TENS POR TEU INIMIGO – Essa é a fantasia enganadora com a qual
Jó lutava. Deus nunca considerou Jó seu inimigo.
13:28 – Este versículo é, provavelmente, a linha de abertura do poema em 14:1-6.
Neste poema, Jó imagina que Deus castiga, constantemente, os seres humanos por suas más ações.
CAPÍTULO 14
14: 7-22 – Tendo concluído que a morte era a única saída para escapar dos sofri=
mentos, Jó sugere que Deus o deixe morrer e o ressuscite quando a sua ira se acalmasse. Porém o leitor sabe desde o início, que Deus não estava irado com Jó. Este capítulo não ensina, claramente, uma doutrina da ressurreição, mas mostra que o assunto estava na mente das pessoas.
14:13 – ME ENCOBRIRÁS NA SEPULTURA – Jó duvida que Deus lhe inflija uma morte temporária e, então, conclui que Deus não fará isso. Mas Jó acredita que Deus tenha a capacidade para fazê-lo.
14:14 – SUBSTITUÍDO – Outra tradução para o termo eu, no versículo 7, foi tradu-
do por “se renovará”.
14: 18-22 – Finalmente, Jó conclui que o mundo continuará como no passado e
que aqueles que sofressem como ele continuariam a ter pouca esperança. Ele afirma que Deus chegaria ao ponto de destruir a esperança o homem (versículo 19).
CAPÍTULO 15
15:1-35 – Elifaz começa o seguinte ciclo de discursos (15:1-21:34), afastando-se
da abordagem cheia de tato que usara nos capítulos 4-5.
15:3 – COM PALAVRAS QUE DE NADA SERVEM – O que incitou a Elifaz foi
algo além de pressão: a fúria adicional que ouviu saindo dos lábios de Jó.
15:7-8 – Esta lista de perguntas retóricas está eivada de sarcasmo. No versículo 8
Elifaz retribui a Jó o mesmo sarcasmo que Jó usara com ele em 12:2.
15:9 – ELIFAZ usa as próprias palavras de Jó na sua resposta. Conforme 12:3;
13:2.
15:10 – A ironia de Jó em 12:12 foi bem percebida por Elifaz. Ele assegura a Jó
que todos os anciãos estavam a favor deles, e não a favor de Jó.
15:14-15 – Elifaz lembra o oráculo que havia recebido em 4:17. Comparar os
versículos 15-16 com 4:18-19.
15:30-35 – Uma melancólica descrição poética do que os conselheiros imagina-
vam sobre o perecimento.
CAPÍTULO 16
16:1 – 17:16 – Jó entende a acusação de Elifaz como uma repetição doentia de
uma perspectiva defeituosa sobre o sofrimento.
16:3 – PARA RESPONDERES ASSIM – Jó estava muito cansado, não pela
extensão dos discursos deles, mas porque eles nada diziam que fosse útil.
16:8-14 – Jó imagina, novamente, que Deus seja Seu adversário. No versículo 9,
a figura é a de um leão. Nos versículos 12-14 surge a figura de um
guerreiro.
16:19 – Jó acreditava ter uma testemunha no céu, noção esta que foi sumaria-
mente eliminada por Elifaz em 5:1. Mas agora, esse pensamento tinha
um enorme significado para Jó.
16:19 – Jó acreditava ter uma testemunha no céu, noção esta que foi sumaria-
mente eliminada por Elifaz em 5:1. Mas agora, esse pensamento tinha um
enorme significado para Jó.
16:22 – Este versículo combina melhor com o capítulo 17 (conforme 13:28, nota).
Isso lembra que a divisão em capítulos não faz parte do original.
Jó anseia a morte como uma libertação da sua dor sem fim (14:13), mesmo que ainda esperasse viver alguns “poucos anos”.
CAPÍTULO 17
17:3 – Jó queria que Deus o defendesse, isto é, que provasse aos conselheiros
que ele estava com a razão.
17:4 – SEU CORAÇÃO – Ou seja, as mentes dos conselheiros.
17:6 – Já que Deus não o defende, Jó continua considerando Deus culpado pela
sua terrível situação. Conforme 30:10.
17:7 – Os sintomas da sua enfermidade incluíam tumores, outros problemas de
pele e pesadelos (2:7; 7:5,14). Aqui e em 19:20 há perda de peso; em
19:17, mau hálito; em 30:30, febre; em 30:17, dores intermináveis.
17:12 – Jó parece lembrar as palavras de Zofar em 11:17.
CAPÍTULO 18
18:1-21 – Bildade acusa Jó, repetindo, impaciente, a sua exposição anterior sobre
o destino dos iníquos (conforme 8:8-19).
18:2-24 – Beldade inicia suas declarações com uma reprimenda desalmada contra
quem sofria muito. Em nada mudou o seu argumento.
18:14 – AO REI DOS TERRORES – Os cananeus entendiam a morte como um
deus, cujo lábio inferior toca a terra e o superior, o céu, de modo a engolir tudo. Segundo Bildade, o “primogênito da morte”, segundo os passos de seu pai, devora a pele e os membros dos ímpios.
De acordo com Isaías 25:8, o Senhor “tragará a morte para sempre” (I Coríntios 15:53).
CASPÍTULO 19
19:1-29 – No capítulo 19, Jó acusa Deus de enganá-lo e de não ouvir o seu apelo
por justiça (versículos 6-7), despindo-o de honras, atacando-o (versículos 9-12) e alienando dele os parentes e os amigos (versículos 13-20).
Jó estava errado em todas estas questões. Ele lutava contra Deus acerca da aparente falta de sentido de seus sofrimentos, que eram, na realidade, obra do Diabo, embora este agisse sob ordem do Senhor, para realizar um fim mais elevado. Os conselheiros, por sua vez, tinha reduzido Deus e seus atos a uma fórmula impessoal. Eram incapazes de compadecer-se da agonia de Jó ou de demonstrar-lhe misericórdia.
19:20 – A PELE DOS MEUS DENTES – É difícil acreditar que esta expressão
idiomática esteja sugerindo alguma saída, estreita que fosse.
Alguns acham que a frase signifique “com apenas minha pele ou gengivas restando”. Seus dentes estavam perdidos.
19:21 – Jó precisava de amizade sincera (6:14), mais nada disso era possível da
parte de seus conselheiros, que só aumentavam a sua desgraça.
19:23-24 – Jó tinha uma importante mensagem que queria que fosse inscrita de
forma permanente para a posteridade. Através da inspiração do Espírito, suas palavras foram preservadas na Bíblia para todos os tempos (con-
forme Marcos 14:9).
19:25 – PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE – A palavra hebraica
traduzida aqui por “Redentor” também pode ser traduzida por “Vingador”,
“Fiador”, “Justificador” ou “Resgatador” (Rute 2:20, nota). Suas palavras, são claras, mas da sua perspectiva, quem Jó esperava que o socorresse? O prólogo revela que Deus não era inimigo de Jó. Deus tornar-se-ia seu defensor (42:7).
Jó parecia estar pensando no Redentor como uma terceira pessoa (16:19-21).
Jó parecia estar pensando no Redentor como uma terceira pessoa (16:19-21).
POR FIM SE LEVANTARÁ SOBRE A TERRA – Segundo a mente de Jó, esse Defensor seria tanto celestial (16:19) quanto terreno (capaz de andar neste mundo).
19:26 – EM MINHA CARNE – Outra tradução possível “fora da minha carne”.
Visto que o Livro de Jó toca na idéia da ressurreição no capítulo 14, parece provável que, quando se fala de morte no versículo 26, tenha-se a ressurreição em mente, e a tradução deveria ser: “em” minha carne. Certo é que Jó acredita ter um Redentor que o ama e por quem o seu coração anseia (versículo 27). Toda a passagem evoca fortemente a necessidade de todo pecador por um Mediador que seja, ao mesmo tempo Deus e homem (I Timóteo 2:5-6).
CAPÍTULO 20
20: 1-29 – O capítulo 20 é outra declaração eloqüente sobre o destino dos perver-
sos. Nele, Zofar expressa a verdade do governo moral do mundo por
Deus, mas deixa de fazer uma aplicação correta da mesma.
20:2 – VISTO QUE OS MEUS PENSAMENTOS ME IMPÕEM RESPEITO – As
palavras finais de Jó em 19:28-29 não foram esquecidas por Zofar.
20:29 – TAL É, DA PARTE DE Deus, A SORTE DO HOMEM PERVERSO –
Aquilo que Zofar ensina acontece, basicamente. Mas é triste que ele não
Tenha uma única palavra para dizer sobre a misericórdia de Deus. Mesmo em seu discurso anterior em 11:13-20, em que ele exorta Jó a mudar os seus caminhos,
Não há qualquer menção à misericórdia. Segundo Zofar, as pessoas obtém as bênçãos de Deus somente se as merecerem.
CAPÍTULO 21
21:1-34 – Jó encerra este segundo ciclo de declarações com uma firme rejeição
dos argumentos de seus amigos de que os perversos sofram sempre.
Jó alude às próprias palavras deles, conforme 20:11 com 21:7; 8:19 com 21:8; 18:5 com 21:17; 5:4 e 20:10 com 21:19; 20:5-7 com 21:28-30.
21:5 – OLHAI PARA MIM E PASMAI; E PONDE A MÃO SOBRE A BOCA –
Se tivessem alguma compaixão, Jó pensava que eles deixariam de acusá-lo e de mentir sobre ele.
21:7 – COMO É, POIS, QUE VIVEM OS PERVERSOS – Jô reconhece estar per-
plexo. Ele não tem resposta. Os conselheiros supunham saber exatamente o que estava acontecendo (conforme João 9:41).
21:22 – ACASO, ALGUÉM ENSINARÁ CIÊNCIA A DEUS – O alto conceito de Jó
sobre Deus tornava o seu problema ainda mais desconcertante.
CAPÍTULO 22
22:1-30 – Elifaz começa o terceiro ciclo de declarações (22:1 – 26:14), mencio-
nando os pecados de Jó e chamando-o ao arrependimento.
22:2-3 – Elifaz reage à declaração de Jó de que Deus permite que a perversidade
fique sem punição. Ele diz também que a retidão humana nada acrescenta a Deus.
22:3 – O sentido parece ser: “Agradaria a Deus se fosses vindicado?”
22:5 – Elifaz chega à conclusão que Zofar e Bildade já haviam expressado – os
pecados de Jó são intermináveis.
22:6-11 – Vê-se aqui um ataque pessoal direto contra Jó por causa de seus peca-
dos específicos, especialmente os pecados sociais contra pobres e
viúvas. Mais adiante, Jó enfatizará a sua retidão social (capítulos 29; 31).
22:12-14 – Elifaz ataca a queixa de Jó de que Deus seja ausente (13:24).
Não deixa de ser natural para Jó, em meio aos sofrimentos, queixar-se
de Deus por ser demais observador e intrometido para deixá-lo em paz. Ver
7:17-19; 10:8; 16:9) ou por demais distante.
CAPÍTULO 23
23:1-12 – Os pensamentos de Jó vacilam. No capítulo 9, ele duvida de que Deus o
ouviria. No capítulo 13, Jó está certo de que seria ouvido e justificado.
Em 17:1, está convencido de que somente o aguardava, que também seus conselheiros não triunfariam e que ele seria justificado (17:10-16). Essa convicção
Atinge o seu ponto culminante em (19:25-27). Daí por diante Jó não duvida mais, conforme provam esses versículos e, especialmente, o capítulo 31.
23:8 – O Deus de Jó é invisível, mas tem um olho que tudo vê (versículo 10).
CXAPÍTULO 24
24:1-25 – Jó ainda não aprendeu a importante lição de que a justiça ao opera
mecanicamente neste mundo, mas de acordo com a vontade divina.
Se assim não fosse, a raça humana já teria perecido há mito tempo. Este capítulo alterna descrição de ímpios afortunados e sofrimentos das vítimas deles, enfatizando os sofrimentos. Jó quer que os perversos sejam julgados, para que os que conhecem a Deus vejam isso e saibam que Deus é justo. Este capítulo mostra o ódio de Jó pela perversidade.
24:18-24 – Alguns pensam que estas palavras sejam uma citação não declarada das palavras dos conselheiros, porquanto os pontos de vista aqui expressos parecem mais coerentes com as proposições deles que com as de Jó.
Outros, porém, pensam que o capítulo inteiro seja ainda uma tentativa editorial de
fazer Jó parecer mais ortodoxo. Mas Jó pode ter uma razão para parecer adotar o argumento dos conselheiros.
24:23-24 – Para que se entenda o sentido deste capítulo, estes versículos devem
ser relacionados com o versículo 1. Jó tenta mostrar que, embora os perversos sejam punidos, isso ocorre de pouco em pouco (versículos 23-24), enquanto que os justos querem ver a justiça satisfeita completamente.
O pensamento de Jó antecipa a doutrina dos profetas sobre o “Dia do Senhor”, relacionada ao juízo final.
CAPÍTULO 25
25; 1-6 – Bildade não apresenta qualquer argumento novo, apenas repete o que
já havia sido dito sobre o domínio, o poder e a pureza de Deus.
25:4 – COMO, POIS, SERIA O HOMEM JUSTO, PERANTE DEUS – A impureza
humana é um fato, mas o que falta aqui é uma alusão à graça.
Paulo que, em Romanos, desenvolveu a doutrina da total depravação do homem, apresentou-a como pano de fundo da maravilhosa graça de Deus. Bildade não pensava em termos de graça divina.
25:5-6 – GUSANO…VERME – Bildade arrisca exagerar na profundeza da indigni-
dade humana, pois tem uma visão pessimista do homem (conforme Elifaz em 15:14-16). A doutrina da depravação total não é pessimista. Mesmo no pecado, os seres humanos retêm a imagem de Deus, que dá a cada pessoa dignidade e valor.
CAPÍTULO 26
26: 1-14 – Este capítulo está dividido em partes distintas: versículos 1-4 e versí-
culos 5-14. Isso levou alguns estudiosos a dizer que somente os ver-
culos iniciais sejam palavras de Jó. Nota-se o uso irônico de perguntas retóricas
que terminam com a sugestão (versículo 4) de que os conselheiros representam alguma fonte de fora.
26 – 5-14 – Essas palavras celebram a onipotência de Deus. Elas não diferem das palavras de Jó em 9:5-10 e não precisam ser atribuídas, como às vezes o são, a um dos conselheiros.
26:5-6 – Deferindo dos deuses cananeus, que possuíam domínio restrito de poder, o verdadeiro Deus é Senhor inclusive do SHEOL (Provérbios 15:11), o suposto domínio de Mote, o deus da morte.
26: 7-8 – O propósito de Jó aqui não é ensinar ciência espacial ou metereológica,
mas glorificar a Deus através dos mistérios de Sua obra na natureza.
26:11 – AS COLUNAS DO CÉU – Possivelmente uma referência aos montes, que,
freqüentemente, se elevam até à altura das nuvens e parecem dar apoio ao céu.
26:12 – FENDE O MAR – Deus controla o suposto domínio de YAM, o deus
cananeu dos mares. Jesus Cristo mostrou ser o verdadeiro Deus do Seu antigo povo quando acalmou o mar em Mateus 8:23-27.
O ADVERSÁRIO – Em hebraico: “Raabe”, o monstro mítico das profundezas adorado pelos cananeus, semelhante ao Levita. Essa figura poética enriquece o conceito do grande poder de Deus sobre o mar ruidoso (Salmo 89:10).
CAPÍTULO 27
27:1-12 – Estes versículos são endereçados aos conselheiros. Com um juramento
alicerçado na existência de Deus, Jó nega as falsas acusações contra Ele e, ao mesmo tempo reafirma a sua integridade.
27:7-10 – Maldições como estas encontram-se nos Salmos 109:6-15; 139:19-22).
Ver a Introdução aos Salmos.
27: 13-23 – Jó volta a sua atenção para o debate sobre o destino dos perversos, um tema muito trabalhado pelos conselheiros. Os comentários de Jó demonstram
que ele compreende o assunto tal qual eles o entendiam. Mas Jó faz dos conselheiros, e não de si próprio, o objeto do destino descrito
CAPÍTULO 28
28:1-28 – a nova forma do capítulo 28 indica que a disputa ou diálogo terminou.
Agora, um topo diferente de literatura sapiencial é apresentado: a sabedoria padrão como sabedoria padrão, como a que aparece. No Livro de Provérbios. O autor do Livro de Jó medita sobre a falta de sabedoria exibida até este ponto do diálogo. O assunto é a natureza fugidia da verdadeira sabedoria (conforme o refrão nos versículos 12:20). O poema termina (versículo 28) com a resposta à pergunta do refrão: “!Mas onde se achará a sabedoria?”
28:11 – O homem, um tecnólogo, busca tesouros nos recantos ocultos da terra.
28:28 – E a aplicação do poema que termina no fim do capítulo 28. Podemos
aprender a sabedoria de Deus através da Sua vontade revelada, obedecendo a ela (Deuteronômio 4:5-6; Provérbios 8:4-9; 9:10). Quanto a uma aplicação neotestamentária, ver Colossenses 2:2-3 e Efésios 3:8-10).
CAPÍTULO 29
29:1-25 – Este capítulo dá início ao primeiro dos três monólogos (capítulos 29:31;
32 – 37; 38-41). Em primeiro lugar, Jó se lembra dos dias de bênção. No capítulo 30, lamenta a sua perda, especialmente a perda da amizade com Deus.
No capítulo 31, defende-se e exige novamente a sua justifIcação.
29:2-6 – Jó lamenta a perda da proteção divina sobre ele e sua casa.
29: 7-17 – Jó recorda a nobre reputação que construíra como praticante daquilo que Tiago chamaria de “religião pura e sem mácula” (conforme os versículos 12-16 com Tiago 1:27).
29:14 – JUSTIÇA…VESTE…MANTO E TURBANTE ERA A MINHA INIQÜIDADE –
Este versículo é o centro do capítulo, com tudo o mais ao seu redor, como uma afirmação enfática do argumento principal de Jó, seu grito por justiça.
29:18-20 – À luz de seus feitos passados, Jó esperava ser um homem forte nos
últimos anos da sua vida.
29: 21-25 – Jó recorda a sua dignidade e honra anteriores.
CAPÍTULO 30
30:1-31 – Conforme o capítulo 30 com o capítulo 29. Aqui, ponto por ponto, Jó
lamenta como as bênçãos de que desfrutara lhe tenham sido arrebatadas. No capítulo 29, ele trata de como era honrado pelos homens, das bênçãos de Deus e de seus próprios feitos benevolentes. Este capítulo salienta exatamente o contrário.
30:1-15 – Jó chora a sua desonra entre os escorraçados (conforme 29:7-10,21-25.
Estes versículos são um bom exemplo do estilo discursivo do poeta.
30:16-23 – Ele não recebia mais bênção alguma de Deus (conforme 29:2-6,
18-20).
30:18 – ESTÁ DESFIGURADA A MINHA VESTE – A Septuaginta diz aqui:
“Ele arranca a minha veste”. Jó fala novamente como se Deus fosse seu inimigo.
30: 24-31 – Ver 29:11-17. Jó não recebe qualquer benevolência de seus amigos.
Eles se esqueceram da bondade de Jó e não a retribuem a ele.
CAPÍTULO 31
31: 1-40 – A mais importante questão na mente de Jó no capítulo 31 é a falsa
acusação de que fosse homem de iniqüidade excepcional, não sofrendo
mais do que o merecido. Este capítulo está baseado sobre um importante tema dentro dos procedimentos legais nos dias de Jó. Ele apela para Deus com um juramento pelo nome divino, desafiando as sanções divinas se estivesse mentindo.
Embora ele alegasse inocência, não era como a presunção do fariseu em Lucas 18:11-12. Como o salmista, Jó é vítima de falsas acusações, por isso a sua defesa lhe era uma obsessão.
31:1-4 – Jó explica que resolvera não pecar com seus olhos (I João 2:16).
Talvez estivesse falando de algo mais que a mera concupiscência, talvez
Se referisse à adoração da deusa da fertilidade, tão popular nos tempos veterotestamentários. A palavra aqui traduzida por “donzela” (versículo 1) era usada para indicar a deusa da fertilidade nos escritos cananeus. Era uma espécie de Vênus e era chamada de “donzela Anat” em Ugarite.
31:5-8 – Jó exime-se de avareza como um argumento baseado em “balanças
fiéis”, a justiça de Deus.
31:9-12. – Jó exime-se de adultério tendo o fogo de Deus como confirmação.
31: 13-15 – Jó exime-se de injustiça como uma referência ao tribunal de Deus
como confirmação.
31:16-23 – Jó exime-se de negligência aos necessitados e abuso contra os fracos
com o temor de Deus como confirmação.
31: 24-27 – Jó exime-se de idolatria no tocante ao ouro e aos deuses.
31:29-34 – Jó exime-se de ódio, do egoísmo e da hipocrisia. Nestes versículos,
a confirmação de Jó é o julgamento divino (versículo 28).
31:35-37 – O climax. Jó coloca a sua assinatura de compromisso;
(“Eis aqui a minha defesa assinada”, versículo 35) e desafia que alguém faça uma acusação específica.
31:37 – Jó havia expressado a confiança de que Deus o aceitaria se tivesse a
oportunidade de apresentar o seu caso. (13:14-16). No fim, isso será possível somente pela graça divina
31:40 – FIM DAS PALAVRAS DE JÓ – Jó encerra seu caso com a sua assinatura.
Agora o resto depende do Juiz.
CAPÍTULO 32
32:1 – 37:24 – Estes capítulos apresentam o segundo monólogo, o do jovem Eliú,
o qual, diferentemente dos outros, tinha um nome hebraico. Alguns críticos vêem-no como um orgulhoso, um sabe´tudo. Outros acreditam que estes capítulos são adições ao texto original. Ambas as opiniões são imperfeitas. Eliú não é mencionado no epílogo (capítulo 42), mas a razão disso é que ele não era culpado dos mesmos erros dos outros três. A crítica de Eliú gira em torno das palavras proferidas por Jó durante o debate. Ele cita Jó, mas não o acusa de ter vivido uma vida ímpia. Ele salienta um tema negligenciado pelos três amigos: o papel disciplinador e redentor dos sofrimentos. Somente Eliú tinha falado do sofrimento como disciplina (5:17). O palavreado de Eliu, tal como o de Jó e o dos conselheiros, era considerado prova de eloqüência na cultura deles.
32: 1-5 – O narrador introduz os quatro discursos de Eliú na situação de Jó, explicando a razão da sua inclusão no debate.
32:3 – CONDENAVAM A JÓ – Segundo a antiga tradição judaica, o texto original
dizia “condenavam a Elohim”, que foi mudado por convenção piedosa para
“condenaram a Jó”, evitando assim um pensamento blasfemo.
32:6 – 33:7 – Eliú precisou de toda esta seção para introduzir-se e dar a sua razão para falar. Parece que ele tinha uma personalidade mais calorosa que a dos conselheiros, que nunca chamara Jó pelo seu nome (conforme 33:1,31).
CAPÍTULO 33
33:8 – TUAS PALAVRAS – Ao citar Jó, Eliú mostra-se exato (conforme 33:10-11
com 13:24,27). Citações literais não eram normas na antiga cultura oriental.
33:12-22 – O apelo de Eliú à transcendência de Deus repete o que os conselhei-
ros já haviam dito, mas ele lida com o tema de forma diferente. Seu propósito é demonstrar que, apesar de sua transcendência, Deus fala ao homem através da revelação (sonhos) e do sofrimento.
33: 23-30 – Diferente dos conselheiros, que não viam lugar algum para graça ou mediação (5:11). Eliú sabe que Deus provê ambas.
CAPÍTULO 34
34: 1-7 – Após uma introdução pedante, Eliú cita palavras de Jó que são fáceis de
refutar (12:4; 13:18; 27:2,6). Sua tese sugere que ninguém é verdadeiramente inocente, pois Deus a ninguém nega justiça (versículo 5). A parte principal deste segundo discurso é uma defesa da bondade e da justiça de Deus (versículos 10-30). Eliú termina com outra condenação das palavras de Jó e o chama ao arrependimento (versículos 31-37).
34:10 – LONGE DE DEUS O PRATICAR ELE A PERVERSIDADE – Eliú expõe
um tema pelos próximos 21 versículos. Jó afirmou praticamente o oposto
em momentos de extremo esgotamento (19:3; 12:4-6; 21:7-8; 24: 1-12).
34: 14-15 – Eliú está certo: a constante graça de Deus é necessária para que
qualquer de suas criaturas continue a existir.
34: 16-20 – Jó perguntara por que os inocentes não vêem o julgamento divino
contra os perversos (24:1). A resposta de Eliú é que Deus os julga o tempo todo, embora isso não seja sempre evidente.
34 – 31 – O texto hebraico dos versículos 31-33 é de difícil compreensão.
CAPÍTULO 35
35:3 – Esta pergunta parece com a de Elifaz em 22:3, mas talvez se refira às
palavras de Jó em 9:14-31.
35:6-7 – Eliú não diz que Deus ignora o bem e o mal, mas que Deus não está
sujeito ao poder da criatura. Ver Romanos 11: 34-35.
35:9-13 – Eliú critica o que Jó havia dito e o efeito disso sobre o seu relaciona-
mento com Deus.
CAPÍTULO 36
36: 1-37:24 – O quarto discurso de Eliú enfoca o sofrimento de Jó do ângulo da
justiça perfeita de Deus e do seu poder absoluto.
36:1-4 – Eliú abre o discurso com uma apologia em que reafirma as suas
credenciais.
36:5-15 – Eliú luta contra a queixa de Jó de que os perversos prosperam e os
justos sofrem (versículo 6). Com isso em mente, ele frisa o poder, a
bondade, a justiça e a misericórdia de Deus. Mas tudo isso dentro da visão de que o sofrimento está sempre na proporção direta do pecado e de que a retidão é sempre abençoada. Somente o julgamento final revelará isso; conforme o que se lê em João 9:2-3 com Romanos 2:6; II Coríntios 5:10.
36: 16-21 – Eliú assegura a Jó os bons propósitos de Deus no seu sofrimento e o
adverte severamente a aceitar a disciplina divina com a promessa de livramento da aflição.
36:22-26 – Eliú volta agora à sua tese inicial (versículo 5), acerca da soberania de
Deus, cujo propósito é sempre bom.
36: 27 – 37:13 – A vívida descrição que Eliú faz da majestade de Deus manifes-
tada nas forças da natureza se parece com o primeiro discurso de
Deus (conforme capítulo 38).
CAPÍTULO 37
37: 14-24 – Aqui o elo com os discursos divinos (capítulos 38-41) se torna mais
nítido, pois o jovem conselheiro começa a interrogar Jó acerca do
poder e da retidão de Deus. Suas palavras finais antecipam o aparecimento do
Deus dos céus (versículos 21-22).
CAPÍTULO 38
38:1 – 41:34 – Em seu aparecimento, Deus não menciona o assunto do sofrimento
de Jó, muito menos dá a sua razão.
O q eu o Senhor diz é muito mais importante que o sofrimento de Jó, o qual o Senhor sabia que removeria em breve. E nem só Jó recebeu a declaração de acusação que queria (31:35), pois não havia nenhuma. Jó aprende que deve deixar o seu caso, incluindo o seu desejo por justificação, nas mãos de um Deus bom e soberano, que não é seu inimigo (I Pedro 4:19).
38;1 – O SENHOR – O nome divino da aliança, Javé, é usado de novo, tal como
no prólogo, mostrando que o autor do livro era um israelita. Jó e os conselheiros usam outros epítetos divinos, como “Deus” ou “Todo-Poderoso”. Jó 12:9 é o único lugar em que Jó ou os conselheiros usam o nome “Javé”, e alguns manuscritos, mesmo ali, dizem “Deus”. Parece que Jó não era um israelita.
38:4 – 39:30 – Nesse interrogatório, o Senhor se revela soberano sobre o mundo
natural. Ele é o Criador (38:4-14), da terra (versículos 4-9), do mar
(versículos 8-11) e da natureza dotada de vida (38:39-39:30).
38:5 – SE É QUE O SABES – A ironia aqui e nos versículos 18,21 não é sarças-
mo, mas um lembrete de que Deus é o Criador.
38:7 – Quanto a personificação das forças naturais em anjos de Deus ver Salmo
104:4 e Hebreus 1:7.
38:15 – A luz dos perversos é trevas (Isaías 5:20; Lucas 11:35).
38:17 – AS PORTAS DA MORTE – As “portas” representam o domínio (Mateus
16:18). O Senhor é soberano nesse reino invisível, que nenhuma pessoa viva jamais viu (17:16).
De acordo com as religiões pagãs de Canaã, o deus Mote era o soberano no reino
Dos mortos, mas Jó sabia que não era assim (conforme 26:6).
38:26 – CHOVER…NO ERMO – Num mundo onde a água da chuva era preciosa,
Deus impressiona Jó com a sua liberdade soberana para fazer o que deixa perplexos aqueles que não reconhecem a distinção entre o Deus soberano e eles mesmos.
38:31 – ATAR AS CADEIAS DO SETE-ESTRELO,,,ORION – Somente Deus
exerce domínio sobre as forças cósmicas que constrangem a constelação
chamada Sete-estrelo e aquela que compõe a cadeia do caçador Órion.
38:36 – SABEDORIA…ENTENDIMENTO – A palavra hebraica traduzida por
“meteoro” ocorre somente aqui, e o seu sentido tem estado em dúvida desde os tempos antigos. Se uma tradução tradicional for aceita, o versículo pergunta quem deu entendimento ao “Íbis” e ao “galo”, aves que eram tidas como
anunciantes da vinda da chuva das inundações do rio Nilo.
38:39 – Aqui as perguntas se desviam da criação inanimada para a animada:
exemplos de criaturas de Deus, grandes e pequenas.
CAPÍTULO 39
39:1-2 – SABES TU..OU CUIDASTE…PODES CONTAR – Deus lembra Jó da sua
obra criadora, sábia e mantenedora –mesmo as colinas estéreis, onde o homem mal pode viver – e da ignorância de Jó, como contraste.
39:5 – QUEM DESPEDIU LIVRE O JUMENTO SELVAGEM – Essa criatura
selvagem era muito admirada pela sua liberdade e capacidade de viver na
“terra salgada” (versículo 6).
39:9 – ACASO, QUER O BOI SELVAGEM SERVIR-TE – Esse animal, atualmente
extinto, já era raro na Palestina nos dias de Jó. Ele foi caçado à extinção
pelos egípcios e assírios.
39:18 – RI-SE DO CAVALO E DO CAVALEIRO – O avestruz é uma ave que não pode voar, mas que corre mais rápido do que um cavalo. Jó queixara-se de paradoxos na sua vida; Deus lhe mostrara paradoxos naturais que só são resolvidos nos propósitos secretos (ou revelados) de Deus auto-existente.
39:19 – DÁS TU FORÇA AO CAVALO – Provavelmente esse fosse o cavalo de
guerra, por reputação o mais forte e inteligente dos animais.
39:29 – SEUS OLHOS A AVISTAM DE LONGE – Além do misterioso instinto
migratório das aves (versículo 26), essas palavras se referem à visão
fenomenal das águias.
CAPÍTULO 40
40:1-2 – A conclusão do primeiro discurso deve ser comparada com a sua
abertura em 38:2. Ambas as partes se referem às declarações ousadas
e errôneas de Jó durante seus momentos de dúvida.
40:6-41:34 – O Senhor inicia o seu segundo discurso (30:6-7) tal como o fizera em
38:1-3, mas aqui desafia Jó com uma nova linha de raciocínio sobre
questões acerca da justiça de Deus em julgar os ímpios. Em seu primeiro discurso
Deus revelou a Si mesmo como o Senhor da natureza, mas aqui Deus é o Senhor do reino moral.
40: 8-14 – Esta seção enfatiza o poder de Deus sobre o orgulho e a iniqüidade
(versículos 11-12). Os monstros mencionados nos versículos seguintes, o hipopótamo e o crocodilo, representam, provavelmente, forças do mal que Deus controla, diante das quais Jó ficaria impotente.
40:15 – HIPOPÓTAMO – Essa raiz hebraica é usada para “gado”, mas a forma
como aparece aqui sugere o sentido de “a besta acima de qualquer comparação”. Partes da descrição, especialmente o versículo 19, ultrapassam qualquer criatura natural como o hipopótamo ou o crocodilo. A literatura cananéia descreve a deusa Anate vencendo um touro terrível e um “leviatã” de sete cabeças. A fala do Senhor indica que quaisquer que sejam as forças de tais criaturas, não passam de brinquedos quando comparados com o poder insondável do Senhor.
CAPÍTULO 41
41:1 – CROCODILO – É possível que o “crocodilo” e o “hipopótamo” formem um
paralelismo poético, referindo-se ambos a uma única criatura.
A descrição poética nessas linhas está ancorada na natureza, mas a criatura ou as criaturas descritas representam algo mais. A exemplo das feras de Isaías 27:1 e Salmo 74:14, elas simbolizam poderes ameaçadores nas dimensões celestial e terrestre (Apocalipse 12:7; 13:1).
41:34 – Isso corresponde exatamente as linhas que introduzem o hipopótamo e o
crocodilo em 40:11-12.
CAPÍTULO 42
42:1-6 – Apropriadamente, Jó está agora mais que submisso; ele se arrepende
das palavras precipitadas om que duvidou da justiça de Deus durante o seu profundo sofrimento. Por causa de sua experiência, seu arrependimento é
voluntário e sincero.
42:2 – Ver a nota teológica “Onipresença e Onipotência”, em Jeremias 23:24.
42:5 – MAS AGORA OS MEUS OLHOS TE VÊEM – Jó não poderia ver através
do redemoinho do qual Deus falava (38:1; 40:6); o significado de suas
palavras é mais profundo. Ele conhecia Deus pelas palavras, mas agora experimentava a viva presença divina em sua essência interior. El encontra Deus como salvador, amigo e, acima de tudo, como Deus.
42: 7-9 – Deus repreende os conselheiros de Jó e aceita as orações de Jó em
favor deles.
42:7 – O QUE ERA RETO – Visto que Deus havia repreendido (e perdoado) Jó
por declarações suas, por que Deus afirma aqui ter Jó dito o que era certo, condenando as palavras dos conselheiros? As palavras deles eram muitas vezes irrepreensíveis formalmente, mas eles errara ao ignorar o motivo do sofrimento de Jó. Arrogantemente, imaginaram sabê-lo e acusaram falsamente Jó de pecados que não cometera. O fato de Deus ter aceito a oração de Jó em favor deles enfatiza a graciosidade do perdão divino.
42:8 – ORARÁ POR VÓS – Freqüentemente supomos que orar pelos perversos é
um ensino do Novo Testamento, mas ele aparece no Livro de Jó.
Dessa maneira, Jó prefigura a Cristo, o qual, encravado na cruz, orou” “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
42:12 – ABENÇOOU O SENHOR – Jó é restaurado, e aqueles que se recusaram
a apoiá-lo na hora tenebrosa (19:13-20) foram perdoados. Alguns estudiosos se opõem a essa restauração, visto que muitas pessoas sofrem sem serem restauradas. Mas Deus permitiu que Satanás (o Adversário) ferisse Jó, para
provar que o seu servo permaneceria fiel. O leitor sabe que Satanás provou ser um mentiroso: Jó nunca amaldiçoou a Deus )1:11; 2:5), e Deus foi glorificado. Pela sua boa vontade. Deus recompensou o seu servo. A “paciência de Jó” era conhecida de Deus (Tiago 5:11). O clamor de Jó, “contudo, defenderei o meu procedimento” (13:15), pode ser comparado ao clamor de Jacó “Não te deixarei ir se me não abençoares” (Gênesis 32:26).
EBENÉZER !!!
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