25 de fevereiro de 2013
IGREJA, PADRÃO DE PERSEVERANÇA
 
Leitura Bíblica: Apocalipse 2:1-7
 
“Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achastes mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, então te deixaste esmorecer” (Apocalipse 2:2,3)
 
Éfeso era a principal cidade da Ásia e nela estava a Igreja mais importante da província.No primeiro século, Éfeso era o porto mais importante da Ásia menor. Era, também, um grande centro religioso. Era a cidade da deusa-mãe, que para os gregos era Artemis e para os Romanos Diana (Atos 19:35). O templo dedicado a ela é conhecido como uma das maravilhas do mundo antigo.
Éfeso também era o centro de todos os tipos de práticas supersticiosas e era conhecida no muno todo por suas artes mágicas 9Atos 19:19). A Igreja cristã estava inserida neste contexto geográfico, cultural e sócio-religioso.
A fé cristã chegou a Éfeso em cerca de 52 D.C. Paulo este ali em sua segunda viagem missionária e permaneceu mais tarde ali por três anos. O Cristianismo fez de Éfeso um de seus centros mais poderosos. Porém, em oposição à fé cristã, floresciam ali os cultos mágicos; e, antes do fim do primeiro século, foi imposto o “culto do imperador” com as conseqüentes perseguições contra aqueles que se recusavam a adorar ao imperador romano.
O texto evidencia:
 

 

I) UM DIGNÓSTICO ESPIRITUAL RELEVANTE
 
    “Conheço tuas obras e o teu labor…”
    “Obras” é um termo amplo, indicando, não somente boas ações, mas todo comportamento e maneira de viver.
Salienta-se aqui a onisciência de Cristo na expressão “conheço””, Seu interesse por sua Igreja é porque ele conhece a sua condição espiritual, a fim de exaltá-la ou repreender, visando produzir modificações espirituais necessárias.
As obras que Jesus conhece representam as condições espírituais gerais da Igreja e não apenas aquilo que chamamos de serviço ativo.
Indica o caráter geral, a natureza da pessoa que age, mas também aquilo que ela faz.
Equivale à expressão “temor do Senhor” usada a fim de exprimir as condições espirituais daquele que professa tentar agradar a Deus, reconhecendo o Seu senhorio absoluto. O termo, em sua amplitude, tem os seguintes significados:
 
A – Labor: Serviço ativo, prestado sob pressão;
B – Paciência: Resistência no labor e sob perseguição;
C – Ódio e oposição ao mal e aos atos malígnos de homens que pervertem o evangelho e promovem a impiedade em nome de Cristo.
D – Cristo, que é o Senhor, vê através de todos os disfarces e pretensões, apresentando autêntica avaliação da condição espiritual geral de cada crente e de cada comunidade local.
Ele não vê o que “esperamos ser”, nem o que “temos feito”, nem o que “pensamos que podemos fazer”, e sim, as nossas condições reais, o n osso caráter. O seu poder de “tudo ver e tudo saber” é, ao mesmo tempo, uma ameaça e um conforto. É uma ameaça aos hipócritas e pretensiosos, para aqueles que brincam com a religiosidade. Mas é um conforto aos fiéis, que são perseguidos e desprezados por outros, dentro ou fora da Igreja. Isso nos promete uma recompensa justa, bem como a contínua ajuda para a concretização dos ideiais espirituais do Cristianismo.
“..O teu labor.” No grego, o vocábulo “Kopos” indica labor até à exaustão, labuta. É trabalhar arduamente. Descreve os prodigiosos labores da Igreja apostólica.
Os crentes Efésios eram intensos quanto ao exercício da fé, o que ficava claramente demonstrado pela magnitude de sua dedicação, produtiva de imensos labores em favor da causa de Crist
 

 

II) MOSTRA A PERSEVERANÇA EM ATITUDES
 
“…Como a tua perseverança…”
Significa bem mais do que se entende pela palavra paciência. Isto é, suportar tudo com resignação e firmeza. Pelo contrário, significa total constância. Nas páginas do Novo Testamento indica fidelidade sob perseguição. O termo grego é “upomone”. Resistência, permanência, constância.. Pedro afirma: “Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade” (II Pedro 1:6-7).
Não assinala meramente a resistência, mas também a paciência com que o crente luta contra os vários empecilhos, perseguições e tentações que lhe sobrevêm em seu conflito contra o mundo intero e externo.
Sabemos que a Igreja da era apostólica foi tremendamente perseguida. Mas aquela Igreja tinha resistência, mesmo em meio às aflições que lhe foram impostas pelas autoridades civis e religiosas. As dificuldades daqueles crentes não os levaram a perder a coragem ou a negar a própria fé. Eles participaram dos sofrimentos do evangelho “como bons soldados de Cristo” (II Timóteo 2:3).
 
“…Não podes suportar os homens maus…”
Aqueles crentes podiam suportar condições adversas e testes difíceis, mas se recusavam a mostrar tolerância em favor de homens que tentavam mudar a natureza moral da Igreja, tirando do evangelho o seu imperativo moral.
 
“…puseste à prova…”
Essa prova era parcialmente doutrinária, conforme se vê em I João 4:1. Eles testavam os espíritos. Aqueles indivíduos que rejeitavam a doutrina da encarnação de Cristo e o valor subseqüente da expiação, com facilidade eram tidos por mentirosos e falsos apóstolos. O mentiroso é aquele que nega a identidade das naturezas divina e humana de Cristo. O mentiroso é aquele que odeia a seu irmão, que não tem parte real na comunidade cristã e é adversário da mesma. É aquele que não aceita o testemunho do Deus pai concernente ao filho.
 
“…Suportastes provas por causa do meu nome…”
Foram provados com toda sorte de tribulação. Todos suportaram porque se apegaram a Cristo como seu Salvador e Senhor, sendo Ele o seu único rei que tinha o direito de ser adorado. Identificavam-se como cristãos leais e fiéis ao único Rei, Jesus. Não observavam as exigências do culto ao imperador.
 

 

“…Não te deixaste esmorecer…”
Não se cansavam. Há indicação de um labor até a exaustão. Não tinham esmorecido, a despeito de seu trabalho árduo. Mantiveram-se fiéis a Cristo.
 
III) AS IMPERFEIÇÕES QUE PRECISAM SER CORRIGIDAS NA IGREJA
 
“Tenho, porém, contra ti…”
Assim como é espantoso que o Senhor Jesus Cristo encontre em nós algo que elogie, assim também Ele pode ver em nós algo muito de condenável. Notemos que a condenação se segue ao elogio. Isso faz parte de uma avaliação honesta.
 
“…que abandonaste o teu primeiro amor…”
Apesar de sua luta contra os falsos mestres não ter afetado sua doutrina sadia, ela teve efeitos sobre alguns aspectos da sua conduta cristã; tinha-os levado a abandonar o seu primeiro amor. Este era um fracasso que atacara sua vida cristã pelas bases. O Senhor tinha ensinado que o amor mútuo devia ser a marca que identificasse a comunhão dos cristãos.
Os crentes Efésios são advertidos a que se lembrem do calor de sua primeira experiência cristã, que se arrependam por terem caído no pecado, e que façam as obras que faziam antes, isto é, obras de amor.
 
IV) AS PROMESSAS ETERNAS FEITAS À IGREJA.
 
            A vida cristã é uma guerra sem tréguas contra os poderes do mal. A vitória não é física, mas espiritual, é uma vitória igual à de Cristo no calvário, mesmo envolvendo a Sua morte. O vencedor é aquele que permanece fiel ao seu Senhor, mesmo se isto lhe custe a vida.
O vencedor recebe a promessa de se alimentar da árvore da vida. Esta é a linguagem bíblica para expressar a promessa de vida eterna no reino de Deus para todos os eleitos.
 
LIÇÕES PRÁTICAS
 
1 – Deus nos conhece e conhece todas as nossas obras como pessoas que compõem a Sua Igreja;
2 – A perseverança de cada crente e da Igreja deve ser mostrada em atitudes diante das provações e perseguições impostas;
3 – As imperfeições na vida da Igreja precisam ser corrigidas para que haja santidade na vida dos membros e da Igreja do Senhor.
4 – A fidelidade a Deus e à Sua palavra deve ser constante na vida dos salvos e da Igreja do Senhor.
5 – O Senhor faz promessas eternas aos seus filhos e à sua Igreja. Em Cristo, somos mais que vencedores.
 
Que o Senhor continue abençoando a Sua Igreja com perseverança e fidelidade.
 
Rev. Isaías Cavalcanti
 
                                                        Pastor auxiliar
 
 Publicação autorizada pelo Presbítero Romeu Maluhy Junior, espíscopo e pastor

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