26 de março de 2015

A Voz do Silêncio

A Voz do Silêncio

Possivelmente, você já vivenciou situações desafiadoras, enfrentou lutas intensas ou até mesmo está passando por dificuldades neste exato momento. Essas experiências podem ter gerado em você um sentimento semelhante ao que o rei Saul experimentou quando confrontado pelos filisteus, conforme descrito em 1 Samuel 28:15. Saul se encontrava em um estado de grande angústia e desesperança, temendo que Deus o tivesse abandonado e que não mais o respondesse.

Este sentimento de abandono é um tema comum na experiência espiritual de muitos servos de Deus, não apenas na época de Saul, mas também nos dias de hoje. Quando as pessoas se sentem esquecidas por Deus e percebem que suas orações parecem não ser atendidas, há uma tendência a buscar respostas e orientação em fontes alternativas, muitas vezes na tentativa de compreender melhor a situação e encontrar uma solução. No caso específico de Saul, ele procurou a ajuda de uma feiticeira, uma médium de En-Dor, para consultar os mortos e obter a orientação que Deus, aparentemente, não lhe havia dado. Essa decisão reflete uma atitude de desesperança e falta de confiança na soberania de Deus.

A atitude de Saul, ao recorrer a práticas proibidas e de origem duvidosa, nos oferece uma profunda lição sobre a natureza do silêncio de Deus e a nossa resposta a ele. Aqui estão algumas verdades que podemos aprender com a situação de Saul:

  1. O Silêncio de Deus Não Anula Sua Fidelidade

    Quando Deus parece estar em silêncio, isso não significa que Ele tenha se afastado ou abandonado Seus servos. Pelo contrário, o silêncio de Deus pode ser uma oportunidade para que aprendamos a confiar n’Ele mais plenamente. Isaías 26:3 nos lembra que “Tu, SENHOR, conservarás em paz aquele cujo propósito é firme, porque ele confia em ti.” O silêncio de Deus deve nos levar a uma confiança mais profunda na Sua fidelidade e no Seu plano para nossas vidas, mesmo quando não entendemos o que está acontecendo.

  2. A Resposta de Ezequias Como Modelo de Confiança

    Se o propósito de Saul fosse firme e ele confiasse verdadeiramente no Senhor, ele teria agido de maneira semelhante ao rei Ezequias diante da ameaça de Senaqueribe. Em Isaías 37, quando Ezequias recebeu a carta ameaçadora do rei da Assíria, ele não recorreu a fontes externas ou práticas proibidas. Em vez disso, ele subiu à Casa do Senhor e apresentou o problema diretamente a Deus. Ele orou, reconheceu a soberania divina e clamou pela intervenção de Deus para a glorificação do Seu nome. Ezequias confiava em Deus e sabia que a solução estava em Sua mão. Essa atitude de confiança e oração direta é um exemplo a ser seguido.

  3. A Importância de Ouvir o Silêncio de Deus

    Quando Deus parece estar em silêncio, isso não significa que Ele está ausente ou desinteressado. Pelo contrário, é uma oportunidade para aprendermos a ouvir e discernir a Sua vontade de maneira mais profunda. O silêncio de Deus pode ser uma forma de nos ensinar a paciência e a confiança. Se Saul tivesse a disposição para ouvir o silêncio de Deus, ele teria encontrado a paz que vem da confiança plena no Senhor, em vez de buscar respostas em práticas proibidas.

  4. Integridade e Compreensão da Natureza de Deus

    Se Saul tivesse integridade e uma compreensão correta da natureza de Deus, ele teria reconhecido que Deus é verdadeiro, soberano e fiel tanto quando fala quanto quando se cala. Em Isaías 49:13-15, Deus fala sobre Sua fidelidade, mesmo quando parece que estamos desamparados: “Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, montes, rompei em cânticos, porque o SENHOR consolou o Seu povo e dos Seus filhos se compadece. Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o SENHOR se esqueceu de mim. Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas, ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” A compreensão de que Deus nunca nos abandona é fundamental para a nossa fé e nossa resposta ao silêncio d’Ele.

  5. A Presença Constante de Deus

    A presença de Deus é uma constante em nossas vidas, independentemente das circunstâncias. Salmo 139:7-12 fala sobre a onipresença de Deus: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer a minha cama no mais profundo abismo, lá tu estás.” Mesmo quando tentamos fugir, como fez o profeta Jonas, Deus está presente em todas as situações. Jonas 2:10 confirma isso ao afirmar: “Então ordenou o SENHOR ao peixe, e este vomitou a Jonas em terra seca.” Não há lugar onde possamos escapar da presença de Deus; Ele está conosco em todos os momentos.

  6. A Quietude e a Reconhecimento da Soberania de Deus

    Como está escrito em Salmo 46:10: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” Este versículo nos convida a parar e reconhecer que Deus é soberano e está no controle de todas as coisas. Salmo 100:3 também nos exorta a “Saber que o SENHOR é Deus.” É essencial entender que, mesmo quando não recebemos respostas imediatas ou evidentes, Deus continua sendo Deus e continua governando todas as coisas com justiça e amor.

Portanto, ao refletirmos sobre essas verdades, devemos lembrar que é fundamental ter um propósito firme em relação ao Senhor e confiar plenamente em Sua palavra e em Sua maneira de operar. Devemos aprender a aquietar nossos corações, permitindo que a paz de Deus nos envolva e nos ensine a ouvir Sua voz, mesmo quando Ela vem na forma de silêncio. Somente Deus é verdadeiramente digno de nossa confiança e adoração.

Deus não erra! Jamais!

Graça e Paz!

Com carinho pastoral.

 

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