Possivelmente, você já vivenciou situações desafiadoras, enfrentou lutas intensas ou até mesmo está passando por dificuldades neste exato momento. Essas experiências podem ter gerado em você um sentimento semelhante ao que o rei Saul experimentou quando confrontado pelos filisteus, conforme descrito em 1 Samuel 28:15. Saul se encontrava em um estado de grande angústia e desesperança, temendo que Deus o tivesse abandonado e que não mais o respondesse.
Este sentimento de abandono é um tema comum na experiência espiritual de muitos servos de Deus, não apenas na época de Saul, mas também nos dias de hoje. Quando as pessoas se sentem esquecidas por Deus e percebem que suas orações parecem não ser atendidas, há uma tendência a buscar respostas e orientação em fontes alternativas, muitas vezes na tentativa de compreender melhor a situação e encontrar uma solução. No caso específico de Saul, ele procurou a ajuda de uma feiticeira, uma médium de En-Dor, para consultar os mortos e obter a orientação que Deus, aparentemente, não lhe havia dado. Essa decisão reflete uma atitude de desesperança e falta de confiança na soberania de Deus.
A atitude de Saul, ao recorrer a práticas proibidas e de origem duvidosa, nos oferece uma profunda lição sobre a natureza do silêncio de Deus e a nossa resposta a ele. Aqui estão algumas verdades que podemos aprender com a situação de Saul:
- O Silêncio de Deus Não Anula Sua Fidelidade
Quando Deus parece estar em silêncio, isso não significa que Ele tenha se afastado ou abandonado Seus servos. Pelo contrário, o silêncio de Deus pode ser uma oportunidade para que aprendamos a confiar n’Ele mais plenamente. Isaías 26:3 nos lembra que “Tu, SENHOR, conservarás em paz aquele cujo propósito é firme, porque ele confia em ti.” O silêncio de Deus deve nos levar a uma confiança mais profunda na Sua fidelidade e no Seu plano para nossas vidas, mesmo quando não entendemos o que está acontecendo.
- A Resposta de Ezequias Como Modelo de Confiança
Se o propósito de Saul fosse firme e ele confiasse verdadeiramente no Senhor, ele teria agido de maneira semelhante ao rei Ezequias diante da ameaça de Senaqueribe. Em Isaías 37, quando Ezequias recebeu a carta ameaçadora do rei da Assíria, ele não recorreu a fontes externas ou práticas proibidas. Em vez disso, ele subiu à Casa do Senhor e apresentou o problema diretamente a Deus. Ele orou, reconheceu a soberania divina e clamou pela intervenção de Deus para a glorificação do Seu nome. Ezequias confiava em Deus e sabia que a solução estava em Sua mão. Essa atitude de confiança e oração direta é um exemplo a ser seguido.
- A Importância de Ouvir o Silêncio de Deus
Quando Deus parece estar em silêncio, isso não significa que Ele está ausente ou desinteressado. Pelo contrário, é uma oportunidade para aprendermos a ouvir e discernir a Sua vontade de maneira mais profunda. O silêncio de Deus pode ser uma forma de nos ensinar a paciência e a confiança. Se Saul tivesse a disposição para ouvir o silêncio de Deus, ele teria encontrado a paz que vem da confiança plena no Senhor, em vez de buscar respostas em práticas proibidas.
- Integridade e Compreensão da Natureza de Deus
Se Saul tivesse integridade e uma compreensão correta da natureza de Deus, ele teria reconhecido que Deus é verdadeiro, soberano e fiel tanto quando fala quanto quando se cala. Em Isaías 49:13-15, Deus fala sobre Sua fidelidade, mesmo quando parece que estamos desamparados: “Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, montes, rompei em cânticos, porque o SENHOR consolou o Seu povo e dos Seus filhos se compadece. Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o SENHOR se esqueceu de mim. Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas, ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” A compreensão de que Deus nunca nos abandona é fundamental para a nossa fé e nossa resposta ao silêncio d’Ele.
- A Presença Constante de Deus
A presença de Deus é uma constante em nossas vidas, independentemente das circunstâncias. Salmo 139:7-12 fala sobre a onipresença de Deus: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer a minha cama no mais profundo abismo, lá tu estás.” Mesmo quando tentamos fugir, como fez o profeta Jonas, Deus está presente em todas as situações. Jonas 2:10 confirma isso ao afirmar: “Então ordenou o SENHOR ao peixe, e este vomitou a Jonas em terra seca.” Não há lugar onde possamos escapar da presença de Deus; Ele está conosco em todos os momentos.
- A Quietude e a Reconhecimento da Soberania de Deus
Como está escrito em Salmo 46:10: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” Este versículo nos convida a parar e reconhecer que Deus é soberano e está no controle de todas as coisas. Salmo 100:3 também nos exorta a “Saber que o SENHOR é Deus.” É essencial entender que, mesmo quando não recebemos respostas imediatas ou evidentes, Deus continua sendo Deus e continua governando todas as coisas com justiça e amor.
Portanto, ao refletirmos sobre essas verdades, devemos lembrar que é fundamental ter um propósito firme em relação ao Senhor e confiar plenamente em Sua palavra e em Sua maneira de operar. Devemos aprender a aquietar nossos corações, permitindo que a paz de Deus nos envolva e nos ensine a ouvir Sua voz, mesmo quando Ela vem na forma de silêncio. Somente Deus é verdadeiramente digno de nossa confiança e adoração.
Deus não erra! Jamais!
Graça e Paz!
Com carinho pastoral.
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